PENSAMENTO PLURAL Eleições: a festa da democracia, ou apologia da cleptocracia?, por Paulo Vinícius Cabral
Crônica atualíssima do cantor, compositor e poeta Paulo Vinícius Cabral, abordando, com coragem, a disputa eleitoral, em suas nuances mais cruas e realistas, em que pululam candidados de biografia questionável, outros que se fazem de novos e são veteranos de tantas outras refregas, mas todos se apresentando com uma roupagem nova e as mesmas surradas promessas. Confira íntegra…
Um filme que se repete a cada 2 anos com raras inserções de novos personagens que se oferecem ao alto risco de serem derrotados pelo velho e corrompido sistema. Mas, alguém tem que ter coragem.
Vamos tomar o exemplo do atual processo de eleição em nossa capital. A julgar pelas pesquisas, se é que estas , igualmente às urnas sem comprovante do vot0 merecem crédito, por que será que o eleit0r parece não dar importância ao passado dos candidatos e à lisura dos seus currículos? Vejamos:
1 – Contra o candidato que lidera as pesquisas existe, segundo notícias, um passado nebuloso, no mínimo discutível, recheado de acusações de corrupç@o, favorecimento de construções irregulares na orla, denúncias de supostas ligações com crim€ organizado, nepotismo nesta e em outras oportunidades que já teve como prefeito.
2- Depois vem o segundo colocado que também já foi prefeito e, em cuja administração também pesam denúncias, está na imprensa, de superfaturamento nas obras do Parque Solon de Lucena, má gestão no desperdício de dinheiro público em obras de mobilidade urbana que nunca saíram do papel etc. e, se não bastasse, ainda está de mãos dadas com o pior exemplo de gestão corrupt@ que a PB e o Brasil conhecem pela famigerada Operação Calvário que desviou segundo o Gaeco centenas de milhões do dinheiro público na Saúde, Educação e onde mais encontrou comparsas, que inclusive fizeram delações e apresentaram provas inequívocas de todos os escândalos, com gravações de imagens e diálogos cabulosos.
Sem contar que os dois primeiros colocados, em suas aparições públicas fazem questão, e o fazem com orgulho torpe, de dizer que estão ao lado do maior exemplo do líder do maior caso de corrupção já visto no Brasil , que hoje ocupa, sabe-se lá como, a cadeira president€ do país. E é tamanha a admiração que os dois líderes da pesquisa têm pelo descondenad0 que chegam a se acotovelar na disputa pelo apoio dessa figura nefasta à nação. Parecem moscas varejeiras brigando pelo melhor pedaço da carniça. Impressiona.
3- Em terceiro aparece um deputado federal que insiste em pegar carona na incontestável boa fama de homem público do seu parente homônimo num passado distante, mas sem a mínima postura de político corajoso e independente, sempre na coleira do fisiologismo governo federal e, contra o qual também pesam acusações e, até uma condenação à prisão em primeira instância, da qual recorre em liberdade, por fraud€ em licitação e demais desvios de verba pública enquanto secretário de governo estadual no período de 2015 a 2019, segundo entendimento do MP e do Juiz do caso, agora em fase de recurso ao TJ.
4- Em quarto e último lugar, ainda segundo a pesquisa, aparece a chapa com dois homens com alto nível de qualificação e reconhecido caráter de probidade em suas atividades profissionais, nunca exerceram cargo eletivo, estão pela primeira vez tentando ser eleitos, não há uma acusação de sequer contra a vida pregressa deles, têm, portanto em comum um dos requisitos que deveria ser condição sine qua non para todo político a ser observado pelo eleit0r que é o passado limpo, e, mesmo assim, as predileções do povo, até agora, parecem não dar olhos a essas questões.
Enfim…nem Freud explica. Talvez a fraud€ e a síndrome de Deolane Bezerra consigam. Será que o povo gosta é de b@ndido mesmo? Eu não acredito.
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