PENSAMENTO PLURAL O “conservador” de esquerda: progressismo travestido de crítica neutra, por Emir Candeia

Em seu comentário, o professor Emir Candeia tece reflexões sobre como “setores progressistas — que dominam universidades, parte da imprensa e o setor cultural — insistem que apenas seu discurso é “crítico” ou “construtivo”. Mas, na prática, o que chamam de “educação crítica” é muitas vezes doutrinação ideológica travestida de análise sofisticada”. Confira íntegra…

Vivemos um tempo em que discursos supostamente “críticos” tentam deslegitimar movimentos conservadores comparando-os automaticamente a regimes autoritários do século XX. Trata-se de uma análise historicamente enviesada, que ignora mudanças profundas na sociedade — especialmente no modo como as ideias surgem e se espalham hoje.

No passado, o pensamento era centralizado em grandes aparelhos ideológicos — partidos, igrejas, exércitos, escolas e a mídia — comandados por líderes ou intelectuais que ditavam o que podia ser pensado e dito. Hoje, esse modelo desabou. A internet e as redes sociais descentralizaram a circulação das ideias, permitindo que cidadãos comuns formulem, compartilhem e desafiem narrativas antes dominadas por elites acadêmicas ou políticas.

É isso que incomoda: a liberdade. Porque hoje, as ideias não precisam mais da chancela de cátedras universitárias nem da aprovação de editoriais. Elas emergem do povo, de grupos descentralizados, de experiências reais — não de laboratórios ideológicos.

Ainda assim, vemos setores progressistas — que dominam universidades, parte da imprensa e o setor cultural — insistirem que apenas seu discurso é “crítico” ou “construtivo”. Mas, na prática, o que chamam de “educação crítica” é muitas vezes doutrinação ideológica travestida de análise sofisticada.

Ao criticar o conservadorismo como “ameaça”, esses analistas não aplicam o mesmo rigor às estruturas e práticas da esquerda, que se valem dos mesmos instrumentos: palavras de ordem, doutrinação emocional e adesão cega. Essa assimetria denuncia um viés evidente: a tentativa de proteger uma “verdade única” como se fosse superior às demais — justamente aquilo que dizem combater.

Hoje, não se trata mais de seguir líderes ideológicos como em um culto. O pensamento é coletivo, fluido, descentralizado. E é essa liberdade que ameaça os antigos donos da verdade — especialmente os que perderam o monopólio do discurso e agora tentam desqualificar qualquer visão que não se alinhe à velha cartilha da esquerda global.

Por fim, a crítica ao que chamam de “patriotismo doutrinador” nada mais é do que o esforço de deslegitimar qualquer sentimento nacional que não passe pelo filtro progressista. Quando se fala em pluralidade, mas se censura tudo que não se encaixa em determinada visão de mundo, não se está promovendo a democracia — está se policiando ideias.

 

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