OUTRA GUERRA… Prefeitos rebatem críticas do Itamaraty pela viagem a Israel e senador relata omissão do Governo na retirada

Não é só a guerra Irã-Israel que está em curso. Uma outra guerra eclodiu após o Itamaraty criticar os prefeitos e de mais gestores que foram a Israel, e precisaram deixar o País pela fronteira com a Jordânia. Os prefeitos devolveram o fogo em nota. A troca de farpas ocorre após o presidente Lula sinalizar alinhamento com o Governo iraniano, o que torna o episódio ainda mais simbólico.

O Itamaraty abriu fogo contra a presença dos gestores, atendendo convite de Israel, em nota: “Em junho corrente, duas comitivas de autoridades brasileiras viajaram a Israel a convite do governo israelense, a despeito do alerta consular da Embaixada do Brasil em Tel Aviv.” Mas, a nota do Itamaraty não passou em branco.

Os prefeitos contraatacaram: “Vimos a público manifestar nosso profundo desacordo e surpresa com a nota à Imprensa Nº 269 do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty). A referida nota afirma que o governo brasileiro não tinha conhecimento da missão e que esta teria ocorrido em desacordo com recomendações consulares emitidas em 2023.”

Mais: “Tal declaração contradiz frontalmente o que foi afirmado à própria delegação em reunião online com a representação diplomática brasileira em Tel Aviv, realizada no último sábado, 14 de junho. Nessa ocasião, os diplomatas confirmaram ter sido devidamente informados, com antecedência, sobre a missão, particularmente no que diz respeito à segunda comitiva de prefeitos e a um governador, informação esta repassada pelo consórcio de municípios organizador da viagem.”

E ainda: “Se a representação diplomática foi previamente avisada, como reconheceram seus próprios representantes, questionamos a ausência de qualquer advertência formal ou impedimento à realização da missão.” Um dos que subscreveram a nota rebatendo o Itamaraty, Cícero já está em viagem de retorno a João Pessoa, onde deve chegar na madrugada desta quarta-feira (18/06).

Omissão -Segundo o senador Carlos Viana (Podemos-MG), presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Israel, não houve participação do Itamaraty nas negociações para a retirada do grupo. Ele disse que a operação foi articulada diretamente por parlamentares. A versão foi refutada pela diplomacia brasileira, que atribui a coordenação à chancelaria.

Além do grupo já retirado, outras 27 autoridades brasileiras ainda permanecem em Israel. De acordo com o Itamaraty, o governo israelense já ofereceu uma rota de saída terrestre para a Jordânia, que deve ser utilizada nos próximos dias.

CONFIRA ÍNTEGRA DA NOTA DOS PREFEITOS…

Nós, prefeitos, vice-prefeitos e demais autoridades públicas que integram a delegação brasileira em missão oficial a Israel, vimos a público manifestar nosso profundo desacordo e surpresa com a NOTA À IMPRENSA Nº 269 do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty). A referida nota afirma que o governo brasileiro não tinha conhecimento da missão e que esta teria ocorrido em desacordo com recomendações consulares emitidas em 2023.

Tal declaração contradiz frontalmente o que foi afirmado à própria delegação em reunião online com a representação diplomática brasileira em Tel Aviv, realizada no último sábado, 14 de junho. Nessa ocasião, os diplomatas confirmaram ter sido devidamente informados, com antecedência, sobre a missão, particularmente no que diz respeito à segunda comitiva de prefeitos e a um governador, informação esta repassada pelo consórcio de municípios organizador da viagem. Se a representação diplomática foi previamente avisada, como reconheceram seus próprios representantes, questionamos a ausência de qualquer advertência formal ou impedimento à realização da missão.

Causa-nos ainda maior estranhamento o fato de que um país com o qual o Brasil mantém relações diplomáticas convide oficialmente autoridades públicas brasileiras — por meio de uma agenda organizada com o apoio direto do governo de Israel — sem que o Itamaraty e a nossa representação diplomática naquele país tivessem conhecimento do fato. Mais grave ainda é que, em meio a um cenário de guerra, quando autoridades brasileiras — eleitas e em pleno exercício de suas funções — se encontram sob risco e buscam o apoio de seu país, recebam como resposta um comunicado que mais se assemelha a uma reprimenda do que a uma manifestação de solidariedade e proteção.

Reiteramos que nossa missão se deu com propósito institucional e de boa-fé, conforme as normas republicanas, com agenda oficial e objetivos públicos. O momento exige responsabilidade, unidade nacional e compromisso com a verdade.