O professor Emir Candeia repercute em seu texto recente “carta apócrifa”, da lavra do escritor Palmarí de Lucena, em que o empresário José Carlos da Silva Júnior se dirige aos jovens empreendedores, com o seu exemplo, que o tornou um dos empresários mais bem sucedidos, não apenas da Paraíba, mas do País, nas últimas décadas, apenas com o seu próprio esforço e trabalho. Confira íntegra…
Ao ler o texto de Palmari de Lucena no Blog de Helder Moura sobre o industrial José Carlos da Silva Júnior, o “Zé Carlos do São Braz”, salta aos olhos um padrão que se repete no Brasil: há três tipos de personagens que orbitam o mundo empresarial — e cada um representa uma forma distinta de se relacionar com o trabalho, o risco e o sucesso.
1. Os industriais natos: a prática que vira império
Esse é o grupo dos que começaram com a mão na massa. Muitas vezes sem formação superior, ou mesmo sem o ensino formal completo, são homens como Zé Carlos (São Braz), Ivan Farias (Silvana), José Anselmo (Alumínio), Álvaro Mendonça (Carajás), e Luciano Hang (Havan). São empreendedores que saíram do zero, com um pequeno negócio, e cresceram com base em instinto, persistência, olho no mercado e muita coragem. Não esperaram as condições ideais — criaram suas próprias condições.
Esses empresários provaram que conhecimento não é só o que se aprende em sala de aula. Eles foram os primeiros a apostar em inovações tecnológicas, muitas vezes antes que virassem tendência. São como agricultores que aprendem a plantar observando o solo e o tempo, não por leitura de manuais, mas pela experiência direta — e que, com o tempo, se tornaram mestres da própria lavoura.
2. Os formados, mas não formadores de riqueza
O segundo grupo é o dos que saíram das melhores universidades, cheios de teoria, mas que não conseguiram transformar esse conhecimento em crescimento real. Muitos até abriram empresas, mas poucas prosperaram. São, muitas vezes, bons gestores de estrutura pronta, mas não criadores de estrutura. Quando acertam, é porque conseguem cercar-se de técnicos experientes que sabem executar o que eles apenas conceituam.
Esses são como engenheiros que conhecem o projeto, mas não sabem operar o trator. Precisam contratar quem execute. Nada de errado nisso — mas também não os coloca no patamar dos que constroem com as próprias mãos.
3. Os palestrantes do empreendedorismo: a teoria sem prática
Por fim, há os que vivem de dizer como se faz, mas nunca fizeram. São consultores, palestrantes, autores de livros e manuais sobre “como empreender”. Vendem fórmulas, motivação, e estratégias, mas não têm histórico prático. Nunca sentiram o peso de uma folha de pagamento no final do mês, nem enfrentaram um fornecedor com caixa apertado. São como técnicos que explicam como nadar, mas nunca pularam na piscina. Podem até ajudar, mas não são referência de quem “viveu para contar”.
Conclusão: empreender é muito mais do que saber o caminho — é ter coragem de caminhar. O Brasil foi erguido por homens e mulheres que ousaram, muitas vezes sem diploma, mas com visão, suor e disposição para errar e tentar de novo. Isso não invalida o estudo, nem despreza o conhecimento técnico. Mas mostra que a prática, quando guiada por propósito, constrói mais do que muitos discursos.
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