PENSAMENTO PLURAL O discurso raso de Lula: pobre vs rico para esconder um mandato fracassado, por Emir Candeia

Em sem comentário, o professor Emir Candeia questiona o atual discurso do presidente Lula de reacender a nós contra eles. “O presidente Lula insiste em um discurso ultrapassado e raso: dividir o país entre pobres e ricos, como se essa narrativa bastasse para encobrir os erros e a fraqueza de seu terceiro mandato”, diz, e lembra que, apesar da crítica aos ricos, um de seus amigos é exatamente Marcelo Odebrecht, que chamava Lula de “amigo do meu pai”. Confira íntegra…

Não é uma guerra entre ricos e pobres. O verdadeiro motor da justiça social é o desenvolvimento. Quando um país cresce, cria empregos, melhora a educação, dá acesso à saúde e proporciona mobilidade social. Essa é a verdadeira inclusão. Mas o presidente Lula insiste em um discurso ultrapassado e raso: dividir o país entre pobres e ricos, como se essa narrativa bastasse para encobrir os erros e a fraqueza de seu terceiro mandato.

Lula tenta transformar a política em novela de mocinho contra vilão. E adivinha quem ele quer ser? O herói dos pobres, mesmo que, na prática, nunca tenha sido. Em seus mandatos anteriores, os bancos bateram recordes de lucro, grandes empresários tinham assento privilegiado no Palácio do Planalto, e figuras como Marcelo Odebrecht chamavam Lula de “amigo do meu pai” — ou pior, “amigo do amigo do meu pai”, numa referência aos operadores de influência que orbitavam o poder.

Enquanto Lula era aclamado como “pai dos pobres” em palanques, mantinha alianças sólidas com as elites financeiras e empresariais do país. Era uma parceria de conveniência: discurso popular para manter a base e alianças bilionárias para manter o poder.

Agora, diante de um governo sem grandes entregas, sem rumo claro e sem projeto de desenvolvimento nacional, Lula recorre ao velho truque da divisão social. Fala em injustiça, em concentração de renda, mas não apresenta medidas estruturais que façam o Brasil crescer. Tenta reconquistar os mais pobres com slogans e narrativas, como se a população que pega ônibus lotado e paga caro no supermercado fosse facilmente iludida por propaganda.

Mas o povo sente. O trabalhador da periferia sabe quando o preço da carne sobe, quando o aluguel aperta, quando o emprego some. E sabe também que o presidente que prometeu tanto está entregando pouco. A realidade não precisa de propaganda.

Lula não tem um projeto de país. Tem, sim, um projeto de poder, sustentado por uma ideologia que já mostrou seus limites e fracassos. Um projeto baseado em dividir, apontar culpados e buscar reeleição no confronto, e não na construção.

A verdade é simples: o Brasil precisa de desenvolvimento, não de discursos que acendem ódios e disfarçam incompetências. E o tempo dos slogans pode estar chegando ao fim. O povo está cada vez mais atento — e menos disposto a cair no velho truque de “ricos contra pobres” para salvar políticos em crise.

 

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