Em seu comentário, o professor Emir Candeia contesta o atual modelo econômico do País de, segundo ele, onerar a produção, comum uma carga pesada de impostos. “Como alertou o ex-ministro Paulo Guedes, os impostos corporativos no mundo caíram, em média, de 45% para 26% nos últimos 40 anos. No Brasil, fizemos o inverso: saímos de menos de 25% para cerca de 45%”, pontua. Confira íntegra…
Nas últimas décadas, enquanto o mundo reduziu os impostos sobre empresas para estimular inovação, empregos e desenvolvimento, o Brasil decidiu seguir o caminho oposto: aumentou a carga tributária sobre quem produz. Como alertou o ex-ministro Paulo Guedes, os impostos corporativos no mundo caíram, em média, de 45% para 26% nos últimos 40 anos. No Brasil, fizemos o inverso: saímos de menos de 25% para cerca de 45%.
Essa escolha não é apenas um erro técnico. É uma ameaça estrutural à sociedade, à economia e, a longo prazo, até ao meio ambiente. E podemos entender isso melhor aplicando a lógica do “bolo de casamento”
O bolo tem três camadas. Base: a natureza, que fornece os recursos. Meio: a sociedade, que se organiza e vive. Topo: a economia, que impulsiona inovação, renda e serviços públicos.
Se o topo (economia) é sufocado por impostos e perde força, o meio começa a esfarelar — surgem desemprego, perda de arrecadação, pobreza. E a base (natureza) pode ser explorada de forma predatória por quem luta pela sobrevivência.
Vamos ao caso prático: uma cidade cuja economia depende de um grande complexo industrial. Ele gera empregos, impostos e movimenta o comércio local. Mas, ao ser sufocado por tributos, regulamentações excessivas e falta de incentivos, esse polo fecha.
Resultado? A economia local entra em colapso. A sociedade enfrenta desemprego, migração, criminalidade e colapso dos serviços públicos. E a natureza, sem fiscalização e diante do desespero social, vira alvo de exploração predatória. Esse cenário real se repete em muitas regiões do Brasil, onde a indústria perde espaço, o empreendedor se vê punido por tentar crescer, e a cidade paga o preço da estagnação.
Paulo Guedes propõe — e por que ele está certo, ele propõe uma lógica clara e moderna: Enquanto o dinheiro está na empresa, criando empregos, inovação e desenvolvimento, deve ser menos tributado. O lucro pessoal, usado para luxo ou consumo improdutivo (ilhas, iates, aviões), pode e deve ser tributado com mais intensidade. Essa lógica estimula o capital produtivo, não o capital especulativo. E mais: valoriza o empreendedor que arrisca, gera empregos e movimenta a economia local.
O que o Brasil faz hoje é exatamente o contrario , está penalizando quem produz: aumentos no IOF, ICMS, IPI, PIS/Cofins ou “reformas” que mantêm o peso sobre quem gera valor. Falta de segurança jurídica, burocracia sufocante e tributação cumulativa. Isso desestimula a industrialização, empurra empresas para a informalidade ou para fora do país, e impede o surgimento de novos polos econômicos nas cidades médias e pequenas.
O caminho certo: incentivos, não penalidades. Se queremos cidades resilientes, precisamos: diversificar as bases econômicas, com mais indústrias, startups, cooperativas e centros de serviços. Reduzir a carga sobre quem produz e aumentar a eficiência da gestão pública. Valorizar o empreendedorismo como solução e não como problema. Como no bolo de casamento: sem um topo saudável (economia), o meio afunda (sociedade) e a base racha (natureza).
Conclusão
O Brasil não pode mais tratar o empreendedor como culpado. Precisa tratá-lo como parceiro estratégico para a saúde da sociedade e para a sustentabilidade do país. Tributar menos a produção e mais o luxo não é proteger o rico — é proteger o que sustenta o bolo inteiro. Se o topo do bolo continuar sendo esmagado por impostos, tudo desmorona — e o que sobra é crise, pobreza e destruição ambiental.
Os textos publicados nesta seção “Pensamento Plural” são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do Blog.