PENSAMENTO PLURAL Democracia ou ditadura disfarçada, por Emir Candeia

O professor Emir Candeia, em seu comentário, questiona o atual momento vivenciado no Brasil, em que alguns “grupos querem estabelecer uma hegemonia discursiva, marginalizando qualquer voz dissidente ao rotulá-la rapidamente com termos depreciativos como “atrasado”, “direitista” ou “fascista””. Uma postura, que segundo Emir, além de empobrecer o debate público, mina os fundamentos essenciais da democracia.” Confira íntegra…

A democracia verdadeira se fortalece no confronto saudável entre ideias opostas, na liberdade de expressão e no respeito às divergências. Como dizia John Stuart Mill, “a verdade surge do choque entre opiniões opostas”, enfatizando que o diálogo aberto e a contestação são essenciais para o avanço social. Entretanto, no Brasil contemporâneo, enfrentamos um perigoso movimento que visa suprimir justamente essa pluralidade de vozes, impondo uma visão única como absoluta e inquestionável.

Karl Popper, filósofo defensor das sociedades abertas, advertiu sabiamente: “O inimigo da sociedade aberta é a crença de que só há uma resposta correta”. No cenário brasileiro atual, é precisamente essa crença que vem sendo propagada por segmentos dominantes da grande mídia e do establishment político. Estes grupos querem estabelecer uma hegemonia discursiva, marginalizando qualquer voz dissidente ao rotulá-la rapidamente com termos depreciativos como “atrasado”, “direitista” ou “fascista”. Este tipo de postura, além de empobrecer o debate público, mina os fundamentos essenciais da democracia.

Isaiah Berlin também nos alerta que “a concepção de que há uma única verdade e um único caminho é a raiz da intolerância”. A intolerância, portanto, nasce exatamente desse desejo autoritário de definir o que pode ou não ser discutido na sociedade. O establishment, ao insistir nessa abordagem, revela-se contrário aos princípios democráticos que afirmam defender. Buscam manter poder e controle sobre narrativas e instituições, bloqueando mudanças reais que poderiam beneficiar o país como um todo.

Não se trata apenas de discordâncias políticas superficiais, mas da tentativa de impor um sistema onde a divergência é vista como ameaça, e não como riqueza. Em nome de uma suposta estabilidade, esses grupos pretendem impedir a oxigenação democrática, ignorando que a essência da democracia reside justamente no pluralismo e na capacidade de renovação contínua.

O Brasil precisa rejeitar claramente essa tentativa disfarçada de ditadura ideológica. É preciso garantir que as vozes divergentes sejam ouvidas e respeitadas, permitindo que a democracia brasileira seja uma arena viva de debates sinceros e construtivos. Somente assim será possível avançar rumo a um país verdadeiramente democrático, inclusivo e progressista. A democracia não sobrevive na sombra da imposição, mas floresce na luz da liberdade.

PS: Embora eu me esforce para ser preciso, este artigo se baseia em minhas opiniões e deve ser considerado como tal, não um fato. As opiniões expressas em postagens e outros conteúdos vinculados neste artigo são minhas e portanto sujeitas a criticas, mas, garantindo que eu as escrvii de forma honesta de acordo com o meu pensamento.

 

 

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