CURTA DE RONALDO… Cícero vai a lançamento em Campina e alimenta especulações de reaproximação com Cássio Cunha Lima

A estreia do curta-metragem baseado no poema “Habeas Pinho”, do ex-governador Ronaldo Cunha Lima, reuniu grande número de lideranças políticas em Campina Grande, na noite dessa sexta-feira (08/08), para sua exibição no Teatro Municipal Severino Cabral.

Presentes, além dos filhos de Ronaldo (Cássio, Ronaldo Filho, Savigny e Gal Cunha Lima), o ex-deputado Pedro (PSD) e o prefeito Bruno Cunha Lima (União Brasil), também o prefeito Cícero Lucena (Progressistas), os senadores Veneziano Vital do Rêgo e Efraim Filho, o deputado Adriano Galdino (Republicanos) e vereador presidente da Câmara de João Pessoa, Dinho Dowsley.

A presença de Cícero provocou muitas especulações. “Eu não poderia deixar de comparecer ao lançamento deste curta, tendo em vista a profunda amizade que nutria por Ronaldo e pela história que construímos juntos”, disse Cícero que, como se sabe, foi vice-governador de Ronaldo.

Mas, também se especulou muito na possibilidade de uma reaproximação com Cássio, de quem esteve afastado, nos últimos 15 anos. Também surgiram comentários de que haveria uma dobradinha em gestão de Cícero com Veneziano, visando as eleições do próximo ano, que o prefeito não confirmou.

A ausência comentada foi do governador João Azevedo (PSB). Familiares esperavam que João poderia ter enviado pelo menos um secretário para lhe representar no evento.

Agenda do OD – o mesmo momento, o vice-governador Lucas Ribeiro (Progressistas) presidiu umaa audiência do Orçamento Democrático em Campina Grande. Questionado, se iria participar da solenidade do Governo do Estado, Cícero citou que o choque de agenda impediu a participação.

Enredo – O curta-metragem traz a história real do seresteiro Paulo, interpretado pelo cantor e ator Juzé, que teve seu violão apreendido pela polícia, e foi atrás do jovem advogado Ronaldo Cunha Lima para fazer a sua defesa. Na petição, Ronaldo redigiu um documento em forma de poema para recuperar o instrumento do seresteiro.

Juzé interpreta o seresteiro Paulo, enquanto Lucas Veloso e Mayana Neiva vivem Ronaldo e Dafne Cabral, cantora que recebera a serenata. O filme foi escrito e dirigido por Nathan Cirino e Aluízio Guimarães e produzido por Gal Cunha Lima, que revelou ter trabalhado no curta como uma homenagem ao pai.

CONFIRA A PETIÇÃO-POEMA…

Eis a peça redigida pelo advogado Senador Ronaldo Cunha Lima:

Exmo. Sr. Juiz Roberto Pessoa de Sousa.

O instrumento do “crime” , que se arrola
Nesse processo de contravenção
Não é faca, revolver ou pistola,
Simplesmente, Doutor, é um violão.

Um violão, doutor, que em verdade
Não feriu nem matou um cidadão
Feriu, sim, mas a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão.

O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade
O crime a ele nunca se mistura
Entre ambos inexiste afinidade.

O violão é próprio dos cantores
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam mágoas que povoam a vida
E sufocam as suas próprias dores.

O violão é música e é canção
É sentimento, é vida, é alegria
É pureza e é néctar que extasia
É adorno espiritual do coração.

Seu viver, como o nosso, é transitório.
Mas seu destino, não, se perpetua.
Ele nasceu para cantar na rua
E não para ser arquivo de Cartório.

Ele, Doutor, que suave lenitivo
Para a alma da noite em solidão,
Não se adapta, jamais, em um arquivo
Sem gemer sua prima e seu bordão

Mande entregá-lo, pelo amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno acoite
De suas cordas finas e sonoras.

Liberte o violão, Doutor Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito.
É crime, porventura, o infeliz
Cantar as mágoas que lhe enchem o peito?

Será crime, afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado
Derramando nas praças suas dores?

Mande, pois, libertá-lo da agonia
(a consciência assim nos insinua)
Não sufoque o cantar que vem da rua,
Que vem da noite para saudar o dia.

É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento
Juntada desta aos autos nós pedimos
E pedimos, enfim, deferimento.

Recebida a petição inicial pelo Juiz, este proferiu deferiu também em versos.