PENSAMENTO PLURAL Abuso, por Ronaldo Cunha Lima Filho

Em seu comentário, o advogado Ronaldo Cunha Lima Filho trata do vazamento de conversas trocadas entre o ex-presidente Bolsonaro e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, no âmbito de investigações da Polícia Federal, determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. “Vieram a público conversas de natureza pessoal, sem qualquer relação com o processo, e a impressão que se tem é a de que a divulgação buscou expor e desmoralizar pai e filho, conduta que merece repúdio”, pontua. Confira íntegra…

A Polícia Federal indiciou, na tarde de ontem (20/08), o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o ex-presidente Jair Bolsonaro pelo crime de coação, no âmbito das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado.

Com autorização judicial, foram grampeados os telefones de ambos, dos quais se obteve farto material que pode indicar a prática de diferentes crimes.

Ocorre, porém, que vieram a público conversas de natureza pessoal, sem qualquer relação com o processo. A impressão que se tem é a de que a divulgação buscou expor e desmoralizar pai e filho, conduta que merece repúdio. Também apareceram diálogos envolvendo o pastor Silas Malafaia, igualmente irrelevantes para as apurações.

Resta a dúvida: por que a Polícia Federal optou por tornar públicas conversas de cunho estritamente privado?

Paralelamente, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, deu prazo de 48 horas à defesa de Bolsonaro para explicar a carta encontrada no celular do ex-presidente, na qual ele pede asilo ao governo argentino. O documento, datado de 10/2/2024 (há um ano e seis meses, portanto) não traz qualquer assinatura. Assim como a chamada “minuta do golpe”, trata-se de um documento apócrifo.

O ministro afirma buscar indícios de risco de fuga. Mas cabe a pergunta: se a carta remonta ao início do ano passado e, desde então, Bolsonaro não fugiu, o que justificaria acreditar que agora o faria?

 

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