DISPUTA AO GOVERNO Ancorado nas pesquisas e sem espaço no PP, Cícero avalia mudança de partido para ser candidato

A liderança nas pesquisas, até agora divulgadas, termina por impor ao prefeito Cícero Lucena (Progressistas) praricamente um imperativo de assumir a possibilidade de disputar o Governo do Estado, em 2026. É assim que funciona a máquina política, meu caro Paiakan.

Dificilmente, quem está na dianteira das pesquisas vai renunciar a uma candidatura. Ainda que as pesquisas sejam apenas um retrato de momento, e mais ainda que o cenário possa mudar, em seu desfavor, no curso do processo eleitoral. É da cartilha do processo eleitoral.

Mas, essa sua condição não tem sido suficiente para convencer o Progressistas de apoio ao seu projeto de disputa ao Governo. O deputado Aguinaldo e a senadora Daniella Ribeiro, aparentemente, apostam em que Lucas, uma vez assumindo o Governo, consiga catapultar seu nome para o topo da disputa. Não é impossível.

Dito isso, não restam muitas opções a Cícero, que não seja buscar guarida num outro partido. Tem vantagens e desvantagens. Uma desvantagem óbvia é deixar o grupo vencedor do qual faz parte já de algum tempo, especialmente considerando a parceria com o governador João Azevedo (PSB).

Mas, uma mudança de partido vai impor outra necessidade: Cícero precisa assumir o comando da legenda, para não correr o risco de passar pelo que, atualmente, enfrenta no Progressistas, onde está garroteado e não pode ser candidato. No controle de um partido, pode bancar sua candidatura sem sobressaltos.

A questão seguinte então é: qual seria a legenda adequada para este projeto? Cícero tem conversado com representantes de vários partidos, inclusive, neste momento, está em Brasília, pautando encontro com lideranças do MDB, PSDB e PSD, dentre outros.

O MDB é o caminho mais pavimentado. O senador Veneziano Vital do Rego tem total interesse em fazer uma dobradinha, que assegure lastro para sua reeleição, e, certamente, não colocaria obstáculos para Cícero assumir o comando da legenda, desde que mantenha a parceria até as urnas.

O PSDB é o muro mais confortável, talvez. O partido está praticamente acéfalo, e, assumindo o ninho tucano, Cícero poderia turbinar o partido, levando seus aliados. Além de ficar autorizado a fazer coligação com outras legendas, sem qualquer embaraço político.

E tem o PSD de Gilberto Kassab. Há um obstáculo: o partido está sob o comando do ex-deputado Pedro Cunha Lima, que tem se apresentado como pré-candidato a governador. O que é um óbice e tanto. Para essa transferência ser viabilizar, algumas condições precisam ser acordadas…

Primeiro, uma distensão com o grupo Cunha Lima, no sentido de Pedro reunciar à candidatura a governador, e talvez topar uma eventual vice. Depois, a garantia de assumir o comando do partido, para ter a tranquilidade de poder conduzir sua candidatura ao Governo. Vai conseguir?

De forma que, meu caro Paiakan, essas são as variáveis que Cícero tem nas mãos, neste momento, para resolver a equação de sua praticamente definida candidatura ao Governo em 2026.