O professo Emir Candeia, em seu comentário, trata do que considera desigualdade de tratamento da Polícia Federal, Judiciário e mídia em relação aos atores políticos. Se um lado comete determinado tipo de delito, a justificativa é que é “preciso esperar a Justiça”. Mas, sacar dinheiro de sua própria conta, como ocorreu recentemente com Bolsonaro, “isso vira escândalo nacional”. Confira íntegra…
O Brasil é um país curioso. Quando aparecem malas de dinheiro, como os R$ 51 milhões encontrados em um apartamento na Bahia, ou políticos flagrados com dinheiro na cueca, ou ainda bilhões desviados em esquemas como Mensalão e Petrolão, a conversa é sempre a mesma: “é complicado”, “tem que ver o processo”, “vamos esperar a Justiça”. Muitos desses personagens continuam soltos, alguns até voltaram ao poder como se nada tivesse acontecido.
Agora, quando o assunto é Jair Bolsonaro, a régua muda. A Polícia Federal divulga que ele sacou R$ 130 mil em sete meses, algo em torno de R$ 18 mil por mês – valor que qualquer comerciante, médico ou empresário movimenta normalmente. E isso vira escândalo nacional, manchete nos jornais, comentário em telejornal, material para campanha política.
A pergunta que não quer calar: qual é o crime em sacar o próprio dinheiro?
Até onde sabemos, não existe lei que obrigue o cidadão a viver só de PIX ou cartão de crédito. Se ele prefere andar com dinheiro vivo, problema é dele. O que não dá é transformar uma rotina comum em “prova de golpe de Estado”. Isso é história pra boi dormir.
A verdade é simples: os mesmos que roubaram bilhões do país, encheram malas e contas secretas no exterior, agora posam de juízes da moralidade e se juntam para perseguir Bolsonaro. É como se o lobo, depois de devorar o rebanho inteiro, resolvesse acusar o cachorro de roubar um pedaço de carne.
Essa perseguição é a cara do Brasil: dois pesos e duas medidas. Para uns, mala cheia de dinheiro é “mal-entendido”. Para outros, sacar dinheiro no caixa eletrônico é “golpe contra a democracia”. Quem acredita nisso, acredita em mula sem cabeça.
O povo não é besta. O povo lembra quem quebrou a Petrobras, quem superfaturou obras, quem distribuiu mesadas milionárias no Congresso. O povo lembra de quem foi pego com mala, sítio, tríplex, contas fora do país. E lembra também que, na comparação, os saques de Bolsonaro são trocados de pinga perto do que já foi roubado.
Portanto, é bom deixar claro: essa história de transformar saque de banco em crime é só mais uma armação para tentar calar quem incomoda o sistema. Um sistema que já mostrou estar disposto a perdoar os verdadeiros ladrões, desde que eles sirvam aos seus interesses.
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