Em seu comentário, o professor Emir Candeia faz alusão ao julgamento de Jesus Cristo, como “um alerta eterno”. E ainda: “Não havia provas consistentes, apenas acusações frágeis, testemunhos falsos e a narrativa de que ele era uma ameaça à ordem. O Sinédrio já tinha decidido: era preciso eliminá-lo.” Confira íntegra…
A história do julgamento de Cristo é um alerta eterno. Não havia provas consistentes, apenas acusações frágeis, testemunhos falsos e a narrativa de que ele era uma ameaça à ordem. O Sinédrio já tinha decidido: era preciso eliminá-lo. O processo serviu apenas para dar uma aparência de legalidade a uma execução que, na verdade, era política.
O mecanismo é sempre o mesmo. Primeiro, cria-se a imagem do inimigo público. Depois, espalham-se acusações, mesmo que contraditórias. Em seguida, a imprensa ou o equivalente da época martela a narrativa até que o povo, manipulado, peça a condenação. Por fim, o julgamento se transforma em teatro: a sentença já está escrita, os julgadores apenas encenam. Assim foi com Cristo, quando preferiram soltar Barrabás e crucificar o inocente.
Mas nem todos se curvaram. Boa parte do povo não aceitou aquelas acusações, percebendo que tudo não passava de uma farsa. E, assim como no Sinédrio surgiram Nicodemos e José de Arimateia, hoje também há muitas vozes jurídicas que denunciam a trama, questionam a legalidade do processo e expõem que a finalidade é apenas garantir um resultado já esperado.
Esse script atravessa os séculos. Sempre que o poder se sente ameaçado, ele fabrica crimes, distorce palavras, manipula multidões e transforma tribunais em palcos. A justiça deixa de ser justiça e vira instrumento de ideologia ou vingança. Quem hoje aplaude a condenação sem provas, apenas porque o réu incomoda, está repetindo o mesmo erro da multidão que gritou “crucifica-o”. O resultado é sempre o mesmo: a verdade sacrificada em nome da conveniência.
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