Romero (com aumento), o irmão e a greve dos servidores (sem aumento)
Quem acompanha a cena política em Campina Grande, já percebeu que tem bomba chiando. Os sinais são muitos. Um deles foi recente revelação de Moacir (irmão do prefeito Romero) Rodrigues, a Dércio Alcântara e Gutemberg Cardoso, admitindo disputar a deputação federal, em 2014, na vaga do irmão. Mesmo contra orientação do grupo Cunha Lima. Moacir foi nomeado por RC para a Aesa.
Um outro sinal: com menos de 100 dias de gestão, o prefeito Romero enfrenta uma greve de servidores, algo certamente inaudito. Os servidores alegam que, ao assumir, o prefeito deu a si próprio e auxiliares (inclusive, alguns parentes) um aumento que chega, em alguns casos, a 100%. Mas, se nega a discutir o reajuste dos servidores. Pode-se dizer que Romero está num caldeirão.
Por isso, vale a pena conferir o artigo do professor aposentado (da UFPB) Jônatas Frazão, abordando as promessas de Romero e o que está na verdade ocorrendo. “Romero, Secretários e Vereadores com aumento. Servidores, não: Acompanhando o noticiário político de Campina Grande no final do ano passado, imaginei que a cidade estava tão cheia de problemas que demoraria para voltar ao normal. Foi o que os paraibanos acompanharam, após a derrota da candidata do PMDB e de Veneziano, Tatiana Medeiros, para o candidato de Cássio e do PSDB, Romero Rodrigues.
Já antes mesmo de assumir, Romero e seus auxiliares procuraram expor na mídia uma realidade que, anunciavam, era um grande complicador para o futuro da Rainha da Borborema. Teimei, naquele momento, em não enxergar o componente político na realidade que se desnudava. Porque o quadro era apresentado com muito ímpeto e a credibilidade de quem teve grande votação na campanha municipal. Mas, hoje, tenho outra opinião.
Logo que assumiu, Romero publicou o Decreto n.º 001/2013, demitindo, de uma só vez, todos os servidores comissionados e os contratados em regime CLT, os chamados Celetistas. No total, algo em torno de 930 funcionários. O argumento era o de que ele precisava cortar na carne, pois a situação era “de vaca desconhecer bezerro”, como se diz no Cariri.
Mas, logo no início do ano, vieram outras medidas que nenhuma cidade que passa pela realidade apregoada por Romero tem coragem de tomar: aumento no número de cargos de secretários e de secretários adjuntos, além de reajuste salarial para o prefeito, o vice, secretários e secretários adjuntos. E olhe que não foi nenhum aumento para repor inflação não. Foi aumento, em alguns caos, de quase 100%.
O Prefeito Romero teve o seu salário reajustado de R$ 11 mil para R$ 20 mil. O vice, também foi agraciado com aumento, de R$ 7 mil para R$ 12 mil. Agora, chegou a vez dos auxiliares mais próximos de Romero, que são os secretários e secretários adjuntos, que terão aumento de 53%.
Além de secretários e adjuntos, o aumento também beneficiará o Procurador Geral do Município, o Superintendente da STTP e os presidentes da Urbema e da AMDE. Se observarmos bem, todos os agraciados são pessoas de confiança de Romero, contratada por critérios políticos, pessoais ou, em alguns casos, claro, merecimento.
Esse fato, por si só, me fez jogar na vala a credibilidade das denúncias apresentadas no início da gestão por Romero e seus auxiliares. Cidade quebrada? Aonde, para se dar aumentos que chegam a 100% ao grupo que comandará o município até 2016?
Eu até acreditei que realmente a situação era complicada e que Romero merecia um crédito de confiança para colocar a casa em ordem, ao mesmo tempo em que lamentava um jovem que trabalhou tanto, como Veneziano, ter deixado a situação chegar ao ponto que chegou.
Agora, Romero, se realmente a situação não é a que o senhor colocou no início do ano, nada mais justo que os servidores da Prefeitura tenham o mesmo tratamento que o senhor deu a si próprio, ao seu vice, secretários, presidentes disso e daquilo. Não acha? Afinal, há uma greve em curso na cidade porque servidores reclamam justamente do corte de gratificações, de dobra de aula (no caso dos professores) e corte de horas extras (no caso dos vigilantes), justamente porque o senhor disse que a cidade estava quebrada.
Não é justo que pessoas humildes paguem por um pato que será assado e comido por um pequeno grupo. Ou o senhor acha que pegou bem dar esse rejuste todo ao senhor e a seus assessores, enquanto crianças estão fora da sala de aula porque seus “mestres” estão pedindo apenas o retorno daquilo que foi conquistado legalmente e que foi retirado no início de sua gestão?
Pense um pouco nisso.”