NÃO PEGOU BEM Governador defende engajamento da Mídia e é rebatido por empresário de comunicação

Uma declaração dada pelo governador João Azevedo (PSB), meu caro Paiakan, tem causado intensa polêmica, especialmente nas redes sociais, pelo seu teor sensível quanto ao papel da Imprensa no mundo contemporâneo.

Na abertura do Midiacom (evento promovido para discutir o futuro da mídia), há poucos dias, João afirmou que a Imprensa deveria se posicionar, assumir um lado, para, em sua ótica, deixar claro onde está, quem defende ou é contra. Para não enganar o cidadão.

Suas declarações receberam muitas contestações, a partir do empresário Eduardo Carlos (Sistema Paraíba de Comunicação), que rebateu: “Com todo respeito. Essa leitura é distorcida.”

Acrescenta: “Naquele espaço, com muitos jornalistas e estudantes (também), o governador devia ter pedido atenção especial, e permanente, a um único lado: o do interesse público, em qualquer decisão tomada pelas empresas. Esse é o discurso que todos devem assumir.”

E ainda: “Quando alguém sugere que a Imprensa se autodeclare de um lado ou de outro, pede que destrua um princípio básico e normalmente não está defendendo pluralidade, está cobrando alinhamento para ver quem está à serviço e quem não está. E, normalmente, quem está se benficia, quem não está é condenado.”

Arrematou: “Querem uma imprensa dependente, reverente, que confunda jornalismo com assessoria de comunicação, e que trate autoridades como clientes a serem satisfeitos, não como agentes públicos a serem fiscalizados. Mas é exatamente por isso que o equilíbrio, mesmo com eventuais equívocos e divergências, é tão fundamental.”

O debate, meu caro Paiakan, reacende uma questão que diz respeito ao exercício dos profissionais de Imprensa. O governador, aparentemente, não avaliou bem o terreno movediço em que enveredou com seu discurso. Defender uma Imprensa engajada não parece ser a melhor alternativa num País já tão dividido e polarizado.