A cortina de Internet, confira com Palmarí de Lucena
A guerra tecnológica do momento se dá pelo próximo padrão da Internet 5G, que pode vir a ser dezenas de vezes mais veloz que as atuais redes 4G. E, não apenas uma guerra tecnológica, mas também política, à medida que vem opondo os Estados Unidos e a China, via empresa Huawei, e que pode resultar na adoção de mais de um padrão, pondo fim à globalização da rede. Esse é mote da crônica da mais recente crônica do escritor Palmarí de Lucens “A cortina de Internet”. Confira a íntegra do seu comentário:
Considerados tecnologicamente atrasados, as Internets da Rússia e da China sempre foram avaliadas pelos Estados Unidos, como péssimas imitações incapazes de competir com o Vale do Silício, devido a censura e interferência dos seus governos. Recente progresso dos gigantes da tecnologia chinesa, incentivados por parcerias com seus homônimos russos, constituem um sério desafio a supremacia norte-americana na Internet, ameaçando deixá-los relegados a retaguarda da corrida pelas redes 5G.
O pivô da cisma tecnológica entre os americanos e os chineses é a empresa Huawei, considerada a maior fornecedora de equipamento de telecomunicações e a indisputável líder global no desenvolvimento de redes 5G. Caracterizando a Huawei uma ameaça a segurança nacional, Presidente Trump baniu a empresa de qualquer envolvimento nas redes 5G americanas. Ameaçou também bloquear seu acesso a software americana e componentes necessários para seus smartphones e redes de negócio. Sanções consideradas como apêndices na guerra comercial com a China.
A disputa comercial e política pelo controle da Internet, expõe sua fragilidade e dificuldade em mantê-la independente e globalizado. Liderados pela China, muitos países estão se tornando oponentes de um Internet aberto e adotando a doutrina chinesa de soberania cibernética, que permite um governo estabelecer fronteiras para sua própria rede, valorizar suas empresas de tecnologia e forçar competidores a armazenar seus megadados localmente. Tendência que impacta negativamente na liberdade global da rede, em países adotando o modelo chinês.
A disputa com a Huawei, entretanto, pode acelerar a ruptura da Internet. A bifurcação da rede em duas ou mais esferas provocaria a criação de padrões e regulamentos distintos, dificultando comunicações internacionais e a troca de conhecimento. A rapidez das redes 5G nos tornaria mais próximos, o bloqueio da Huawei poderia forçar uma separação com igual rapidez, o fim da Internet globalizada.