A crônica do rompimento anunciado: PMDB deixa Governo Dilma e abre caminho para o impeachment
Talvez tenha sido a decisão política mais telegrafada dos últimos tempos. Foi a crônica de um rompimento anunciado. Aliás, a encrenca nem é recente. Vem desde a virada para o segundo mandato da presidente Dilma, quando o partido se sentiu preterido na ocupação de espaços dentro do Governo. Mas, o partido só criou coragem mesmo agora com o movimento pelo impeachment.
A decisão do PMDB, atualmente com 68 deputados federais (a maior bancada federal), fere de morte a presidente Dilma, no momento de aguçamento do processo de cassação, especialmente porque seu rompimento pode levar outros partidos a seguirem o mesmo caminho. A ironia foi que o partido se uniu, curiosamente na crise, já que a decisão Diretório Nacional foi por unanimidade.
Apesar de três de seus ministros resistirem em deixar o Governo Dilma, a tendência é o partido se aglutinar em torno do vice-presidente Michel Temer que, ironicamente, não participou da decisão desta terça, para “não interferir na votação”, ele que foi o principal articulador desse desfecho. Ele teve o melhor argumento para “unir” o PMDB: é melhor ter o Governo do que seis ou sete ministérios.
Até esta tarde os ministros Marcelo Castro (Saúde), Katia Abreu (Agricultura) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) ainda resistiam em deixar o Governo Dilma. Henrique Alves (Turismo), um dos aliados de Temer, deixou a pasta desde ontem. Mauro Lopes (Aviação), nomeado há 12 dias, Helder Barbalho (Portos) e Eduardo Braga (Minas e Energia) devem sair ainda hoje.
Com o rompimento, o PMDB encerra uma parceria iniciada desde 2002, quando parte do partido decidiu apoiar a eleição de Luís Ignácio Lula da Silva, contra Zé Serra. Após a eleição, o partido se reunificou se tornou, ao longo desse período, o principal parceiro do projeto político do PT.
No final, peemedebistas externaram suas mágoas com o PT, usando o mantra: “Fora PT, fora PT”.