A defesa da liberdade de Imprensa, por Palmarí de Lucena
Em sua derradeira crônica, o escritor Palmarí de Lucena se debruça sobre a importância de se defender a liberdade de expressão, como pressuposto basilar da democracia. Palmarí cita a ferocidade como o presidente Donald Trump ataca veículos de comunicação não simpáticos à sua cantilena política, e pontua: “Não podemos permitir que nosso país se transforme em mais uma democracia que votou por menos liberdade de expressão”.
Confira a íntegra do comentário “Em defesa da liberdade de expressão”:
Entre os aspectos mais desconcertantes da narrativa política do Presidente Trump, é sua predisposição de demonizar e atacar os principais veículos da imprensa americana. Referindo-se maliciosamente a importantes veículos da grande mídia americana, especificamente o The New York Times, Washington Post e a cadeia de televisão CNN, como fontes de fake news e inimigos do povo. Pronunciamentos emblemáticos da reversão dos valores éticos e morais, outrora promovidos pelo farol da liberdade edificado na democracia americana ate o dia 20 de fevereiro de 2017.
O Nazismo e o Comunismo usaram o conceito de inimigo do povo de uma maneira mais acachapante, como uma justificação para deter ou deportar seus opositores e membros de minorias religiosas ou étnicas, para campos de concentração e os “gulags” stalinistas denunciados por Nikita Khruschev, em 1956.
Além das notórias ditaduras da China, Rússia, Coreia do Norte, Cuba, Vietnã, Irã e Venezuela, temos hoje um grupo de países que optaram democraticamente por governos pouco respeitosos do direito de livre expressão como a Polônia, Hungria, Turquia e as Filipinas. Além de permitir inclusão da direita xenófoba nos governos da Alemanha, Itália, Áustria, Bélgica, Suíça, Dinamarca, Finlândia, Letônia, Lituânia e Noruega.
Ataques a jornalistas são motivados principalmente pela caracterização imprudente de profissionais da imprensa como ‘inimigos’, por líderes políticos e empresários. No afã de minimizar atos de corrupção e atrocidades cometidas por déspotas identificados com sua administração, o pragmatismo amoral do Presidente Trump tornou-se o catalisador do crescimento de perseguições contra jornalistas.
Oxalá que a corrente onda de ataques a grande mídia no Brasil e a proliferação de fake news demonizando jornalistas, intelectuais e instituições culturais seja somente episódios eleitorais, por obnóxio que sejam. Não podemos permitir que nosso país se transforme em mais uma democracia que votou por menos liberdade de expressão.