A esperança colorida quem vem do campo, por Palmarí de Lucena
O escritor Palmarí de Lucena tem palmilhado a Paraíba registrando com imagens detalhes que, muitas vezes, escapam ao conhecimento dos paraibanos. Como é caso mais recente, que registrou em Alagoinha, revelando como a cotonicultura está mudando o cenário da região, com variedades de algodão em cor, que ele considera uma “parte da revolução silenciosa do retorno do cultivo de algodão no semiárido”.
O detalhe: durante sua peregrinação na região, Palmarí descobriu que que a delegacia federal do Ministério da Agricultura tem R$1 milhão disponível para este tipo de projeto: “Infelizmente, o Estado não está apresentando projetos correndo o risco da verba ser devolvida ou caducar.”
Confira a íntegra de seu comentário “Esperança colorida”:
Fileiras simétricas de plumas brancas de algodão cortando a paisagem árida, a hegemonia do cultivo quebrada por plumas coloridas, experimento de algodão orgânico nova esperança para uma cultura dizimada há décadas, pela praga do bicudo. Rubi, marrom, verde, jade, topázio, as cores da nova esperança. Pequeno oásis no coração do Município de Alagoinha, parte da revolução silenciosa do retorno do cultivo de algodão no semiárido. Nova marca Paraíba exposta em cores vibrantes e variadas, tão valiosa e bem cuidada pelos pesquisadores, mesmo não tendo o brilho sedutor azul das turmalinas paraíba. O calor infernal e a degradação ambiental, desafios da cultura do algodão como propulsor de atividade agrícola sustentável para a transformação econômica da região.
Capinzal viçosamente robusto, cornucópia de tons de verde plantados em pequenos lotes, separados por árvores, marcados com placas identificando a origem de cada variedade à uma pequena distância do plantio de algodão. Integração de lavoura, pecuária e floresta, uma armadura contra os efeitos do possível retorno do período seco em 2023. Preocupação com o futuro, se estende a escolha de espécies de árvores nativas adequadas para a modalidade, consideradas como “poupança-verde” e elementos críticos da recuperação de áreas degradadas. Transformação e optimização da produção agropecuária de pequeno e médio agricultor, representam a retomada da atividade econômica de forma sustentável e possibilidades reais de contenção e mitigação de gazes do efeito estufa e consequências inerentes ao fenômeno.
Em panorama de encontros e desencontros de políticas públicas irrelevantes as necessidades da agricultura familiar, encontramos algo promissor, tão colorido como a esperança que inspira. Técnicos e pesquisadores da EMPAER-EMBRAPA-UFPB trabalhando juntos para construir um Brasil possível para pequenos e médios agricultores, sem esperar que o efeito de percolação do mercado provoque um pinga-pinga de crescimento econômico em comunidades dependentes da agricultura familiar.