A importância de valorizar a arte nas ruas desdenhada pelo poder público, novo artigo de Palmarí
“Valorizando a arte das ruas” é o título do mais novo artigo do escritor Palmarí Lucena, que aborda o fenômeno da arte feita nas ruas, especialmente o grafite, e sua diferença do vandalismo. Segundo Palmari, infelizmente o poder público se mostra incapaz de “implantar projetos de combate ao vandalismo e ao mesmo tempo, valorizar o grafite como uma fonte de renda para artistas das ruas e para promover a ressocialização de jovens expostos ao crime e às drogas.”
CONFIRA A ÍNTEGRA DO ARTIGO…
“Grandes e pequenos centros urbanos enfrentando uma crescente maré de pichações e grafite em logradouros públicos, propriedades privadas e monumentos históricos. A maioria das cidades classificam o fenômeno como vandalismo, atribuindo severas penas aos seus perpetradores. A dicotomia entre o “feio” e o “belo” motivou o poder público brasileiro a diferenciar o vândalo do artista, definindo assim o tratamento que deveria ser conferido ao grafite e à pichação. Lamentavelmente as prefeituras se demonstram incapazes de implantar projetos de combate ao vandalismo e ao mesmo tempo, valorizar o grafite como uma fonte de renda para artistas das ruas e para promover a ressocialização de jovens expostos ao crime e às drogas.
Bogotá é considerada hoje como a cidade que descobriu como conviver criativamente com artistas das ruas. Normas claras para entidades públicas, grafiteiros e cidadãos interessados em definir qual seria a sanção para grafitar indevidamente e a responsabilidade de promover as características artísticas das obras foram criadas em 2011. Consultas entre a municipalidade, a sociedade civil e representantes dos artistas, aperfeiçoaram a lei que regulamentava e controlava a prática do grafite estabelecendo o Conselho Municipal do Grafite, para coordenar aspectos relevantes à modalidade.
Atração turística de Bogotá, os murais no Parque dos Periodistas e na Candelária, um logradouro histórico previamente ocupado por mais de 600 ambulantes e elementos antissociais, restaurado e transformado no epicentro de um museu de arte das ruas a céu aberto. A Bogotá Grafite Tour leva turistas para visitar os principais murais e explicar a trajetória dos seus criadores, participantes contribuindo em média com vinte reais como apoio ao projeto. O Trip Advisor classifica a excursão como a favoritas entre as 155 oferecidas aos visitantes. Boa prática, que poderia ser replicada no Centro Histórico se gestores municipais dessem a devida alacridade às ações restaurativas e sustentáveis para a viabilização econômica e turística do logradouro.”
PICHAÇÃO E GRAFITAGEM – O artigo de Palmarí se põe à contramão de projeto apresentado pela vereadores Elisa Virgínia, em que a parlamentar propõe estabelecer como crime a grafitagem e pichação em prédios públicos e privados, aplicando multas pesadas aos autores.