A inauguração do Parque da Lagoa e a reação do galo de Chantecler
O galo de Chantecler imaginava que o sol nascia porque ele cantava. Esta é a impressão que o governador Ricardo Coutinho tem passado, quando se imaginava o inventor da Paraíba, para quem somente suas obras são boas e oportunas. E esse seu comportamento ficou ainda mais patente com a inauguração do Parque da Lagoa pelo prefeito Luciano Cartaxo.
Nos últimos dias e especialmente neste domingo, a milionária mídia girassol, obviamente orientada pelo Governo, cuidou do ofício de tentar descredenciar a obra, levantando suspeitas, ora sobre os custos, ora sobre a sua qualidade. Pode nem ter sido, mas passou a ideia de reproduzir a ladainha de um governador atormentado por uma obra que somente ele teria o direito de fazer e inaugurar.
E o pior foi ter tido seis longos anos como prefeito de João Pessoa e não ter realizado uma ação que fosse na Lagoa. E ficou furibundo quando o sucessor renegado Luciano Agra teve a ousadia de implantar uma fonte luminosa, sem o seu consentimento. E, agora, da mesma forma, encara como uma afronta Luciano Cartaxo executar e entregar a obra que deveria ser sua.
Porque, para o galo de Chantecler, o sol só pode nascer depois que ele cantar. Mas, esse mesmo galo nunca cantou para explicar, por exemplo, para onde foram os recursos da Fazenda Cuiá, ou do Jampa Digital. Ou a forma como, em pleno ano eleitoral, foram aplicados os recursos do Empreender PB, flagrados como moeda de boca de urna pelo Ministério Público Eleitoral.
Resultado: as obras da Lagoa podem até ser questionadas, num ou noutro detalhe arquitetônico (como qualquer obra pública), mas no conjunto representou a maior e melhor intervenção já realizada no Parque Solon de Lucena desde sua inauguração nos anos 1920, e pela sua filosofia urbanística, se apresenta como uma remissão da Prefeitura de João Pessoa, que devolve a praça a quem de direito: a população.
Por que, afinal, o sol deve nascer para todos, e não apenas do galo de Chantecler.