A lei anticorrupção e a degradação moral da classe política
O Brasil passa seguramente por um dos momentos para aviltantes de sua História. Poucas vezes ocorreu uma degradação moral tão escrachada e um deboche patrocinado pela classe política aos olhos de uma nação literalmente perplexa. Desfigurar a Lei Anticorrupção, com objetivos claramente corporativistas dos parlamentares, é um acinte.
Os deputados fulminaram o princípio da criminalização do enriquecimento ilícito de agentes públicos, a criação do chamado “reportante do bem” e o aumento do tempo de prescrição de processos de casos de corrupção. Mas, criou o dispositivo que prevê punição a magistrados e procuradores por crimes de abuso de autoridade. Na prática, a Lei, como se diz, perdeu o seu espírito anticorrupção.
A ofensiva dos deputados, que, pelo andar da carruagem, deve ser replicada pelos senadores, estabelece uma crise institucional de grandes dimensões e é difícil avaliar todas as suas consequências. Os parlamentares também não contavam, certamente, com a reação da opinião pública. O País inteiro se levantou contra. É impossível prever o desfecho dessa afronta.