A máquina do Empreender e as maquinetas pague fácil: o valor da vida humana na Operação Calvário e no Jampa Digital, por Wanderly Farias
O jornalista Wanderly Farias, conhecido por sua verve, enviou para o Blog texto tratando do escândalo da Cruz Vermelha gaúcha, desbaratado pela Operação Calvário, mas também lamenta o Tribunal Regional Eleitoral não ter encontrado tempo, em quatro longos anos, para julgar a AIJE do Empreender. Mas, trata também de outros escândalos como o Jampa Digital e o crime de Bruno Ernesto.
CONFIRA A ÍNTEGRA..
Tempos difíceis no Brasil e na Paraíba. Porém, depois de anos vivendo na escuridão e sob opressão, a claridade da aurora já começa a dissipar as trevas, anunciando dias brancos.
Uma cruel conjunção de políticos malfeitores mancomunados com empresários facínoras e sob o manto protetor de calhordas de toga, implantou um reino sustentado, alimentado, irrigado por rios de dinheiro público, solerte e criminosamente subtraídos da saúde dos doentes, da educação dos carentes, da segurança dos desprotegidos.
Para se manter, se perpetuar no poder, sugando malas e caixas de vinho repletas de cédulas de onça e peixe, os malaquias usaram e abusaram da estrutura e do capital do Programa Empreender, distribuindo supostos empréstimos de valores que iam de R$ 2 mil a R$ 200 mil e até mais que isso, com vereadores, suplentes, líderes de bairro, lideranças religiosas, familiares dessas lideranças, gatos, cachorros, papagaios, namoradas, amantes, prostitutas, donos de vendas, de bodegas, de biroscas, o escambau a quatro, pelos quatro cantos dessa pobre e espoliada Paraíba.
Claro que esse esquema funcionou às mil maravilhas, mesmo que denunciado com farta, numerosa, inequívoca, indesmentível documentação comprobatória dos delitos cometidos.
Até hoje, anos decorridos, a Corte Eleitoral, com integrantes manietados por convenientes e gordos contracheques para familiares, se negou a enxergar o óbvio.
Antes desse vergonhoso vendaval de falcatruas, a súcia no poder já havia demonstrado sua aptidão criminosa ao decretar a execução sumária de um jovem técnico que se atrevera a investigar e descobrir os malfeitos do famigerado Jampa Digital. Com arma e munição pertencentes ao Poder Público, os crápulas travestidos de gestores da coisa pública não hesitaram em contratar delinquentes para ceifar a vida do jovem Bruno Ernesto. Verbas do tal programa irrigaram a campanha do chefe dessa Organização Criminosa, segundo conclusões da Polícia Federal.
Por fim, sem nenhum pudor, essa corja estendeu suas garras imundas e fétidas para as verbas destinadas à assistência de saúde de uma legião de paraibanos desvalidos que buscam desesperadamente atendimento médico em hospitais, para salvar a vida de um familiar, de um filho, de um neto, de um irmão de um pai, de uma mãe.
A Operação Calvário já demonstrou com números vergonhosos, a terrível extensão da roubalheira: foram entregues às mãos dessa quadrilha denominada Cruz Vermelha, parceira e irmã siamesa dessa outra gangue de alcunha Girassol, recursos da ordem de R$ 1 bilhão e 200 milhões.
A propina, a roubalheira, o assalto, o saque gira em torno de R$ 300 milhões, no mínimo. Dinheiro ensanguentado. Dinheiro que carrega em si o sinal da morte de milhares de paraibanos que não tiveram leito nos hospitais. Que não receberam as medicações adequadas. Que não tiveram o atendimento que os manteria vivos.
A dinheirama surrupiada da saúde foi utilizada para o fausto, para o luxo das duas quadrilhas. Casas, sítios, apartamentos, escritórios e veículos caríssimos foram adquiridos em nomes de laranjas, de limões, de todo tipo de atravessadores, para disfarçar o acúmulo ilegal de patrimônio.
Uns três ou quatro larápios já foram presos.
As autoridades precisam, urgentemente, botar as mãos nos demais e, principalmente, em quem chefiou, deu as ordens, organizou, monitorou, fez a quadrilha atuar como uma orquestra do roubo.
O Brasil está mudando. A Paraíba também precisa mudar. Chega de ladroagem. Chega de corrupção. Basta de impunidade.