A (nem tão) surpreendente vitória de Paulo Maia na OAB
Quem conversasse, na intimidade, com os advogados de várias bancas e procuradorias não se surpreendeu com a vitória de Paulo Maia e Raoni Vita. Por várias razões. Primeiro, a escandalosa partidarização que o presidente Odon Bezerra impôs no comando da Ordem, constrangendo aos advogados. Depois, seu alinhamento com o Governo do Estado, muito mais do que visível, era humilhante para a maioria da categoria.
Finalmente, a impressionante ostentação que marcou a campanha de Carlos Frederico. O fausto de sua eleição destoou da atual situação porque passa a Paraíba. Ficou evidente, desde o princípio, a desproporção do poderio econômico, entre as duas candidaturas. Muitos advogados viram nessa demonstração de força como os sinais das digitais do Governo do Estado na disputa.
E, é claro, foi igualmente desconcertante para muitos advogados (ouvidos pelo Blog) terem descoberto que o candidato oficial tinha problemas pendentes junto ao Supremo Tribunal Federal, algo incompatível com um presidente da OAB. Então não adiantou um investimento aparatoso de mídia, nem a publicação de pesquisas fantasiosas para tentar convencer a categoria. Não deu.
Então, se observar todos esses elementos, vai se concluir que a vitória de Paulo Maia e Raoni nem foi tão surpreendente. Deu o óbvio: ou seja, a necessidade de mudança no comportamento de uma entidade que, no passado, representava de fato o advogado e tinha um comportamento de altivez e independência em relação ao poder, mas que, nos últimos tempos, mais parecia um apêndice do Palácio da Redenção.
Foi também um recado contra a interferência de setores do Governo Ricardo Coutinho numa disputa que dizia respeito apenas aos advogados, não a um projeto de poder do governador. Pela participação indevida, a derrota, num certo grau, também deve ser debitada na conta do governador.