A PANDEMIA E O CENTRÃO A difícil missão de Marcelo Queiroga ao assumir o Ministério da Saúde no pico da crise
A indicação do médico Marcelo Queiroga para o Ministério da Saúde trouxe, no primeiro momento, a sensação de que condução da política sanitária no País seria implementada por preceitos científicos, especialmente no enfrentamento à crise gerada pela pandemia.
Quem conhece o médico, sabe de sua competência clínica e de seu comportamento retilíneo. E Marcelo já estreou defendendo uma união nacional para o combate à Covid. Uma sinalização de armistício especialmente com os governadores, que alimentam um contencioso particular com o presidente Bolsonaro.
Mas, no segundo momento, vieram sinais preocupantes. De um lado, a sinalização de Marcelo de que irá dar seguimento ao trabalho do general Pazuello. Ora, se Pazuello estava dando certo, por que a sua substituição? E Pazuello apenas seguiu a orientação de Bolsonaro. Suas declarações não reduzem, por conta disso, a pressão sobre o governo.
De outro lado, veio a previsível reação de setores do Centrão, que emergiram para censurar a sua escolha. O Centrão, como se sabe, havia sugerido outros nomes para o Ministério. Entre eles o deputado Dr. Luizinho (Progressistas-RJ) e a média Ludhmila Hajjar. Houve certa frustração no grupo ainda no período de lua de mel com o presidente.
Resultado: o trabalho de Queiroga será maior do que se imaginou inicialmente. O paraibano terá de mostrar competência rapidamente, em meio ao pior momento da pandemia, e ainda se articular politicamente para evitar o fogo amigo que poderá vir dos insatisfeitos da Câmara Federal. Entre eles, até mesmo o presidente Arthur Lira.
Pelo sim, pelo não. Dois deputados paraibanos já saíram em sua defesa. Efraim Morais, líder do Dem, e Aguinaldo Ribeiro, líder da maioria, se manifestaram defendendo um tempo de tolerância para o ministro mostrar seu trabalho.
Haja coronárias!