A via crucis de Luciano Agra e seu legado
Apesar de ter sempre um sorriso no rosto e uma observação inteligente a fazer, a vida não foi fácil para o chapeleiro Luciano Agra. Pelo menos nos derradeiros tempos. Agra lutava contra uma hepatite, há décadas. E só quem conhece os achaques que enfrenta um paciente com hepatite tem ideia do martírio que traz. E Agra também colecionou muitos desgostos na seara política.
Desde que assumiu a Prefeitura de João Pessoa, em abril de 2010, substituindo o ex Ricardo Coutinho, foi só problemas. De prima, teve de encarar, como herança maldita, todos os escândalos deixados por Ricardo, tipo Jampa Digital, Cuiá, merenda escolar e gari milionário. Então, se teve a alegria de assumir a Prefeitura, também amargou o dissabor de se ver associado a esse lamaçal.
Depois, foi vítima de um perverso processo de fritura de sua candidatura à reeleição pelo seu ex-mentor político, o governador Ricardo Coutinho, a quem sempre ajudou. No final, trocado por Estela Bezerra, Luciano Agra se viu na contingência de romper com Ricardo para poder seguir seu caminho em carreira-solo, mas conduzindo o efeito colateral dos desmandos que herdara.
Na sequência, ajudou a eleger o prefeito Luciano Cartaxo, mas a parceria não teve a longevidade pretendida. Rapidamente, Agra se viu fora do círculo do poder. Porém, com o nome ainda em evidência, apresentou-se como alternativa eleitoral para as disputas de 2014. Só que, de pretenso candidato a vice-governador, no inicio, Agra terminou como mero candidato a suplente de senador de Wilson Santiago.
O resultado das urnas não ajudou. Se para uma pessoa saudável, já seria um suplício, para alguém como Agra então, que não era um político de carreira (para quem tudo é permitido), foi devastador. Pode-se dizer que foi uma luta inglória contra uma doença martirizante e suas escolhas políticas. Infelizmente, para Agra foi demais.
Pena que a sua franqueza ao se expressar e a pureza de propósitos na política não tenham feito escola. Foram junto com Agra.