A vitória de Trump e a era da incerteza para os EUA e o mundo
Impossível não se espantar com o resultado das eleições nos Estados Unidos. Também porque a vitória de Trump contrariou todas as pesquisas, porém muito mais para compreender como os americanos elegeram uma figura tão teatral, com traços de nacionalismo exacerbado, fumos de xenofobia, claramente racista e um pensamento tão medieval a ponto de defender um muro separando os EUA do México.
E não apenas. Durante a campanha, Trump se mostrou intolerante com a mídia, praticamente assumiu seu desprezo à liberdade de expressão, às mulheres e aos imigrantes. É presumível que, antenado com as pesquisas, Trump tenha assumido um discurso calculado para atingir setores segmentados do eleitorado, mas foi visível a convicção como conduziu suas falas de intolerância.
Não nos cabe, obviamente, julgar o resultado da eleição. Seria uma intromissão nos negócios do povo americano, mas não deixa de causar perplexidade uma guinada tão radical. Talvez os americanos tenham visto em Trump o que nós outros não vimos. De qualquer forma, a sua eleição levanta um muro de muitas incertezas, especialmente na relação com os demais povos. E também com o Brasil.
Não que uma vitória de Hilary Clinton fosse algo extraordinário. Hilary mostrou-se medíocre, com um discurso beirando ao hilário, mas pelo menos esboçava um pensamento mais afinado com os postulados da democracia. Aliás, a impressão que essas eleições deixaram para o mundo foi de que nunca uma disputa teve candidatos tão abaixo da média.
Por fim, só resta respeitar o resultado das urnas e torcer para que tantas expectativas tão negativas, transparecidas no discurso de Trump, não se concretizem.