Afinal, o que deu em Agra?
Tem gente que, sob pressão, reage de forma absolutamente imprevisível, sem medir consequências. Veja o caso do prefeito Luciano Agra. Na tentativa de minimizar o desgaste do escândalo Jampa Digital, e sem aviso prévio, ele decidiu entregar, nesta quinta (dia 29) o Conjunto Anayde Beiriz, espécie de joia que o governador Ricardo Coutinho pretendia inaugurar, talvez até com a presença da presidente Dilma.
É possível que tenha conquistado a simpatia das mais de 500 famílias beneficiadas com as moradias, mas é improvável que tenha combinado com Ricardo. De quebra, ao ser questionado como se sentia atingido pelo escândalo do Jampa, Agra se saiu com outra pérola. Elogiou o trabalho da Imprensa em fazer a denúncia, mas alertou que era preciso identificar “quem é quem”, ou seja, quem são os culpados.
Foi quase como quem diz que há culpa no cartório, mas as digitais não são dele. Foi como avisasse a Imprensa que procurasse os reais culpados. Claro que ele não poderia mais negar um fato que até mesmo o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) já identificou como escândalo de extrema gravidade. Ora, se ele (Agra) não é culpado, o vilão só poder o ex-prefeito Ricardo, que celebrou os contratos e pagou.
Noutra frente, saracoteou em torno das faixas que alguns populares exibiam com slogan de Volta Agra. Claro que ninguém no bom senso acreditou que foram os moradores do bairro que, por conta própria, pagaram pela confecção das faixas. As faixas, na verdade, representaram uma espécie de afronta à (ainda) candidata oficial Estelizabel Bezerra. Para os defensores dela, foi um ato desleal de um parceiro de PSB.
É notório que Agra vem operando, nos últimos tempos, para voltar a disputa da reeleição. Agora, sob a pressão de mais um escândalo, Agra age sem medir as consequências. Até porque, admitir o retorno de uma candidatura, nesse momento, atropelando a companheira Estelizabel, foi muito mais um golpe de marketing para tentar passar a impressão de que o escândalo Jampa não o abalou. Ainda que tenha abalado seus velhos companheiros de coletivo, de Ricardo a Estelizabel.