Afinal, por que falar sobre Jampa, voo de Pâmela e Cássio irrita tanto RC?
Tem impressionado a forma como o governador Ricardo Coutinho tem tratado os jornalistas, sempre que é indagado sobre o escândalo do Jampa Digital, o voo da primeira-dama a Belo Horizonte em avião do Estado e a possibilidade de um rompimento com o senador Cássio Cunha Lima. O governador não consegue disfarçar a irritação.
Foi o que ocorreu, por exemplo, nesta segunda-feira (dia 19), durante inauguração das novas instalações da Acadepol, obra de R$ 7 milhões realizada pelo empresário Roberto Santiago. Quando indagado se temia uma candidatura de Cássio em 2014, o governador respondeu com rispidez, quase num grunhido: “Estou aqui para dar uma entrevista, me respeite!”
Há alguns dias, tratou com descortesia uma repórter que indagou sobre o escândalo do Jampa, afirmando que não iria dar qualquer declaração, porque a jornalista trabalhava numa empresa que não era de sua simpatia. O mesmo ocorreu quando, em outra oportunidade, foi perguntado sobre o uso do avião do Estado pela primeira-dama, Pâmela Bório.
Claro que o governador tem todo o direito de falar sobre o que achar mais conveniente, entretanto não pode se furtar quando o assunto tratar do uso indevido de recursos públicos. Como foi o caso do Jampa Digital, conforme o relatório da Polícia Federal, que apontou fraude em licitação, superfaturamento e desvio de dinheiro público para financiar sua campanha em 2010.
Como também foi o caso do uso do avião do Estado, um King Air, que foi utilizado pela primeira-dama para viajar a Belo Horizonte, onde recebeu uma comenda por serviços prestados ao turismo mineiro, em maio último. Afinal, como se sabe, trata-se de um avião oficial, com despesas pagas pelo contribuinte e que foi usado para uso particular.
Aliás, a lista de “assuntos proibidos” nas entrevistas com o governador é extensa. Afora Jampa Digital, o voo de Pâmela e o futuro da relação com o senador Cássio, os jornalistas também não conseguem ouvir do governador esclarecimentos sobre a gastança na Granja Santana e as compras de lagosta, camarões, berço esplêndido e até papel higiênico de R$ 60.
Está na hora da Secretaria de Comunicação elaborar uma cartilha com todos os assuntos proscritos, para distribuir com a Imprensa, alertando sobre o que os jornalistas não podem indagar a sua excelência. Pode haver o risco de uma pergunta assim provocar uma indigestão, especialmente depois do governador ter se alimentado com os caros e pesados quitutes servidos na Granja Santana…