Apan apoia desmatamento de 125 hectares e afeta espécies ameaçadas
Durante muito tempo a Apan (Associação Paraibana dos Amigos da Natureza) foi sinônimo de luta pela preservação ambiental. Mas, aparentemente, a entidade abandonou a trincheira da ecologia. Pelo menos a julgar por suas recentes posições. Uma delas foi subscrever, a pedido do Governo do Estado, o desmatamento de 125 hectares de Mata Atlântica, que poderá apressar a extinção várias espécies.
É surpreendente, mas é verdade. Foi com o voto da Apan, que o Copam (Conselho de Proteção Ambiental) concedeu, no dia 2 de outubro último, licença para a construção da Barragem de Cupissura (em Caaporã), que, além de um desmatamento recorde nessas latitudes, irá condenar à extinção espécies raras, que só existem nessa região.
Espécies em extinção – Em recente levantamento realizado para o Estudo de Impacto Ambiental e Respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), foi encontrada em um novo registro de Bromeliaceae, a Canistrum aurantiacum, espécie é rara e com poucos dados na literatura técnica, com citação apenas em Alagoas e Pernambuco, e agora na Paraíba.
Além dessa espécie, foi encontrado também o jacarandá (Swartzia pickelii), que de acordo com a Instrução Normativa MMA nº 6/2008, referente à lista oficial das espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção, essa espécie é considera ameaçada de extinção.
Indignação – Até onde o Blog pode apurar, o voto da Apan, que decidiu em favor da licença, revoltou funcionários do Ibama. Segundo eles, é dramática a situação porque passa o que restou da Mata Atlântica original, além do mais a barragem poderia ser construída em outro local, sem comprometer “um bioma único, causando a extinção de várias espécies vegetais e até animais”.
A Mata Atlântica se estendia, originalmente, por mais de 130 milhões de hectares da costa brasileira. Com o passar do tempo, dessa rica floresta “restaram apenas resquícios em bom estado de conservação, ou seja, 7% da área da mata original”. (Mais em http://www.conservation.org.br/como/index.php?id=8).
Pacto pela restauração – O desmatamento de 125 hectares vai na contramão de um esforço que envolve o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica e reúne pelo menos 170 organizações comprometidas em viabilizar e restaurar 15 milhões de hectares até 2050, o que, pelo menos em tese, levará a Mata Atlântica a ter 30% de sua cobertura original.
A obra – A Barragem de Cupissura terá capacidade de acumulação de água de 9,56 milhões de metros cúbicos e faz parte do complexo da Adutora Translitorânea. Segundo o Governo do Estado, a Barragem irá garantir água tratada até o ano de 2030 para consumidores João Pessoa, Bayeux, Santa Rita, Cabedelo, Conde, Alhandra e Caaporã.