Arrogância e o COVID-19, por Palmarí de Lucena
Em sua mais recente crônica “Arrogância e o COVID-19”, o escritor Palmarí de Lucena discorrer sobre a abordagem que alguns presidentes, como Donald Trump, adotaram para enfrentar o avanço do coronavírus. “Não adianta declarar que respeitam as orientações da agência das Nações Unidas e, ao mesmo tempo, disseminar mensagens nas redes sociais questionando a necessidade de tomar medidas de isolamento social”, postula Palmarí. Confira a íntegra de seu comentário:
Presidente Trump declarou emergência nacional devido a pandemia do corona vírus no dia 13 de março, no mesmo dia, Don Young, um congressista republicano conservador do Alasca, aconselhou idosos de um centro de sêniores a continuar suas atividade normais. Referindo-se ao vírus como o “vírus cerveja”, classificou o perigo de contágio como exagerado, “fora de proporção”. Como outras celebridades e agentes públicos sugerindo que a pandemia não era uma grande ameaça, Don Young mudou sua opinião, declarando que havia se equivocado sobre o alcance e impacto da doença.
Retratações de pronunciamentos de governantes sobre o corona vírus ou pedido de desculpas pelo equivoco sobre a urgência de encarar a crise com medidas de isolamento social, estimularam uma reposta positiva e aceitação universal das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Muitos haviam contribuído na disseminação de fake news e teorias de conspiração sobre o corona vírus, sugerindo erroneamente que a sigla COVID-19, significava “Chinese Originated Viral Infectious Desease”. Após 5.402 mortes, o Prefeito de Milão admitiu o erro em apoiar uma campanha para a “cidade não parar”, agora sendo replicada pelo Governo Brasileiro.
Vários líderes políticos continuam tomando atitudes que contradizem as mais altas autoridades sanitárias e a OMS. Não adianta declarar que respeitam as orientações da agência das Nações Unidas e, ao mesmo tempo, disseminar mensagens nas redes sociais questionando a necessidade de tomar medidas de isolamento social. Anúncios de novos medicamentos para o COVID-19, sem o respaldo de ensaios clínicos, criam um falso senso de esperança em pessoas enfermas e ludibriam a opinião pública.
Desculpar-se por fomentar um impasse de graves consequências para a saúde pública e ao bem estar social, não é algo que poderia devolver a saúde daqueles afetados por decisões motivadas por ideologias equivocadas e a arrogância que minimizou o perigo inerente a proliferação do vírus, para avançar seus interesses político-partidários.