As bondades e maldades de um governador
E então, não mais do que de repente, o governador Ricardo Coutinho começou a anunciar um pacote de bondades, após uma longa temporada de maldades, desde que havia assumido o Palácio da Redenção. Há dois dias, foi a ressurreição do Bolsa Atleta, programa que, em pleno ano das Olimpíadas de Londres, tinha mandado para o limbo.
Em agosto, promoveu a maior pirotecnia midiática dos últimos tempos para anunciar R$ 1 bilhão (!) em obras. Foi um assombro. Até agora, uma só obra não saiu do papel, mas o que se buscou não foram realmente as obras. O que estava em mente, está claro, era a perspectiva eleitoral em curso. Foguetório típico para períodos de campanha.
Dia desses, apressou a inauguração do estacionamento do Centro de Convenções. Tudo dentro do mesmo diapasão. Justo ele que, em tempos não tão remotos, criticava com azedume adversários que tinham o hábito de inaugurar pedaços de obras. Mas, é algo do tipo: faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço, tão peculiar de sua personalidade.
Claro, nem tudo são flores. Há poucos dias, numa recaída típica girassol, mandou encerrar o convênio do programa de Pão e Leite com a Prefeitura, sem conseguir conter sua animosidade com o prefeito Luciano Agra, o desafeto do momento. Também orientou seu secretário-clone Waldson de Sousa acionar na Justiça a secretária municipal Roseana Meira, por conta de pendências com repasses de recursos do SUS.
Também não consegue se conter quando o nome é Bira. Nem nos tempos da ditatura militar se viu uma perseguição tão impiedosa contra um ex-aliado, que tanto contribuiu para suas eleições anteriores. Já tentou de toda as formas impedir sua candidatura. A última delas foi buscar promover sua expulsão. Sem partido, mesmo sendo eleito, Bira não teria mandato.
Como classificar senão de pervesidade o que cometeu com os 30 mil servidores demitidos no início do seu Governo? E o que promove contra os servidores do antigo Ipep? E contra os médicos? E a lição que aprontou contra os professores detonando seu plano de cargos? E o pessoal das policiais Civil? E a cruel retaliação ao pessoal do Fisco? E o que dizer dos servidores mais humildes que tiveram redução de salário e ganharam de prêmio o turno duplo de trabalho?
Resumo da ópera: quando se trata de dourar a pílula para tentar conquistar eleitores, anuncia bondades, que nem cabem bem no perfil da pessoa que tanto mal já fez. Mas, quando se trata de dar vazão ao seu temperamento perverso, age como tem agido com os servidores, Agra, Roseana e Bira e outros desafetos.