As obras na Barreira do Cabo Branco e o ato falho do governador
O governador Ricardo Coutinho, meu caro Paiakan, mostra que se alimenta da belicosidade. Talvez por um mecanismo de defesa, por nada ter feito para proteger a Barreira de Cabo Branco, voltou a atacar a administração Luciano Cartaxo, alegando falta de ações para minimizar o problema. E então esqueceu várias obras que tem sido realizadas, para, inclusive, suprir o que a sua gestão não fez. Ou só agravou. A crítica é, portanto, um ato falho. Partindo de quem partiu.
A esta altura, ninguém em sã consciência desconhece que as obras da Estação Ciência, da forma como foram realizadas, contribuíram para acelerar o desmoronamento da Barreira. O que, certamente, teria um efeito menor se fosse construída com uma distância maior da falésia. A obra é um marco da arquitetura na Paraíba e no Brasil, por ter a assinatura de Oscar Niemeyer, mas causou efeitos danosos à Barreira.
Nos últimos anos, o poder público proibiu o trânsito nas proximidades da falésia, construiu novos acessos de proteção à Barreira e vem executando uma obra fundamental, que é a drenagem das águas, sem a qual a porosidade do terreno só faz aumentar o desmoronamento.
Até onde o Blog pode apurar, a obra de R$ 5,2 milhões avança para oferecer condições de escoamento das águas, e, pelo menos nesse quesito, evitar a aceleração do processo de desmoronamento. Que deveria ter sido feita bem antes, ainda na gestão Ricardo Coutinho, quando houve a liberação dos gabaritos para construções no Altiplano, hoje uma das áreas mais densamente povoadas de João Pessoa.
Resumo da ópera: a crítica em relação à lerdeza como o poder público intervém para proteger a Barreira com certeza tem procedência, mas nunca proferidas por quem teve todas as condições de fazer e nada fez, antes contribuiu para o agravamento do problema.