MISTÉRIOS DO UNIVERSO Radiotelescópio de Aguiar deve começar a operar no início de 2024 para investigar matéria escura
A Paraíba se prepara para ingressar na era da astronomia com tudo. A Universidade de São Paulo está prevendo para o começo de 2024 o início das operações do radiotelescópio Bingo, que está sendo instalado em Aguiar (Vale do Piancó), com um orçamento previsto de R$ 30 milhões.
O sistema está previsto para mapear e analisar emissões de gases, captadas como ondas de rádio, para entender o funcionamento de uma das regiões mais desconhecidas do Universo, o setor escuro, conforme relato do físico Elcio Abdalla, coordenador-geral do projeto,
Os recursos da sua construção são originários da Fapesp, da Finep (Financiadora de Estudos e Pesquisas), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, do governo da Paraíba, por meio da Fapesq (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Paraíba), além de contribuições da China, dentre outros países
Matéria escura – De acordo com o físico, a ideia do radiotelescópio surgiu em 2010, quando já fazia pesquisas teóricas sobre o setor escuro: “Ele corresponde a 95% do Universo, é a parte que nós não vemos.”
O universo, conforme o atual entendimento da astronomia, é composto de 4% a 5% de matéria tal como conhecemos (planetas, estrelas, cometas…), mais cerca de 75% de energia escura, e o restante de matéria escura, estimada em aproximadamente 20 a 21%%.
O professor explica que a existência do setor escuro foi prevista na década de 1930 do século passado. “As pessoas olhavam para o céu e viam pontos com atração eletromagnética, mas que não tinham luz. Durante mais de 70 anos houve um mistério, as pessoas não sabiam se o setor escuro existia ou não, até o momento em que se verificou que há dois tipos de objetos escuros no Universo.”
E ainda: “Esses objetos são a matéria escura, que é conhecida apenas porque exerce atração gravitacional, e a energia escura, que é muito mais desconhecida. O que se propõe com o Bingo é descobrir alguma estrutura interna, todas as partículas, dos 5% de matéria escura que são detectáveis, estruturas formadas por gases conhecidas como bárions.”
Projeto – Coordenado pela USP, o Bingo tem a participação, no Brasil, do Inpe e da Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba. No exterior, o projeto tem a colaboração da Shanghai Jiao Tong University e da Yangzhou University (China), da University College London e da University of Manchester (Reino Unido), além de pesquisadores da Alemanha, Espanha, França e Itália, entre outros países.