Ataque do governador à decisão da Justiça no caso do racionamento revela desequilíbrio pouco republicano
Não foi exatamente um ponto fora da curva, uma vez que o governador Ricardo Coutinho não tem o hábito de cumprir decisões judiciais, haja visto, por exemplo, o caso dos funcionários do antigo Ipep. Mas, sua reação contra a decisão do juiz federal Vinícius Vidor (4ª Vara da Fazenda Federal), que determinou a volta do racionamento d’água em Campina Grande, foi um arroubo e certamente uma temeridade.
A insinuação de que a Justiça agiu com parcialidade, sabe-se lá por quais motivos, foi um ato de destempero e revelou certo desequilibro de sua excelência, o preclaro governador, quando toda a Paraíba sabe, até os pombinhos da Praça da Bandeira em Campina, que sua decisão de suspender o racionamento foi imprudente e com sinais claros de politicagem. Já que precisa tanto melhorar sua imagem na cidade que tanto perseguiu.
Decisão judicial é pra se cumprir e, eventualmente, recorrer quando se discorda dela, mas o ataque do governador vai além dos princípios democráticos mais elementares. Passou a impressão de querer intimidar o magistrado. O que parece revelar mais uma face de seu temperamento autoritário, com viés ditatorial, de quem se sente melindrado quando algo não sai como esperado.