Briga RC e Agra revela o modo girassol de governar

Nada como uma briga entre ex-companheiros, meu caro Maurílio Batista, para a população tomar conhecimento do que é feito do erário à sua revelia. Foi preciso o governador Ricardo Coutinho e o prefeito Luciano Agra romperem para os pessoenses saberem como, a partir de um golpe de caneta, se beneficia um parceiro comercial com redução de multas em até 90%.

Duvido que um cidadão comum, que paga impostos e ainda entra com seu voto nesse jogo, conseguisse reduzir suas dívidas de ISS ou IPTU numa percentagem dessas. Mas, a Faculdade Maurício de Nassau, “uma parceira”, no dizer de Agra, ganhou um bilhete de próprio punho do prefeito, e foi beneficiada com uma isenção colossal tamanho girassol. Beirou a isenção total. Maravilha.

E olha que a operação foi semeada ainda em março de 2012, quando Agra e Ricardo ainda andavam de mãos dadas no mesmo jardim. Ou, talvez seja melhor dizer: ainda eram farinha do mesmo saco? Foi no tempo em que Ednaldo Ribeiro Soares era o secretário de Finanças, nomeado por RC, e agiu conforme normas estritamente estabelecidas pelo padrão girassol de administrar.

Nada mais normal do que atender à solicitação do prefeito Agra, que estava no cargo por obra de graça de Ricardo, como o próprio sempre faz questão de enfatizar. Mas, o fato é que o erário foi dilapidado, com o favorzinho prestado pelo girassol de plantão. E a população só tomou conhecimento agora porque Agra e RC estão rompidos e protagonizam uma disputa eleitoral como padrinhos.

Engraçado mesmo foi o governador RC vir a público, logo depois da dénúncia, pra afirmar: “Lamento muito que um grupo dirigente que eu ajudei a montar hoje esteja completamente descaracterizado com pessoas que não tem capacidade de estarem em alguns cargos. Deixem o governo do estado fora disso, o que foi feito no município é muito maior do que a passagem oportunista de quem quer que seja.” Pense.

Nada de muito surpreendente, afinal Ricardo já acusou Agra, a quem se refere como “biruta de aeroporto”, de ter transformado a Prefeitura em balcão de negócios. Agora, apresenta as provas. Agra se defende, afirmando que o ex-secretário Ednaldo atuou de caso pensado, concedendo os 90%, sem o seu conhecimento (!). Quer dizer, então, que na Prefeitura é assim: o secretário conta as sementes por conta própria?

Agora, o mais impressionante é o silêncio da Justiça e do Ministério Público, que assiste a tudo como se fosse absolutamente normal. Enquanto o cidadão comumm não é chamado para esta festa e ainda é intimado a pagar a conta.