BRUNO ERNESTO (vídeo) Oito anos do crime que abalou a Paraíba, tem Ricardo Coutinho com investigado e segue sem solução
Há oito anos, precisamente, a Paraíba foi surpreendida por um dos crimes mais brutais registrados no Estado: o assassinato do jovem Bruno Ernesto. O caso foi tratado, pelo poder público, como latrocínio, num inquérito policial realizado em tempo recorde, em que seis pessoas foram sentenciadas. Ocorre que, desde o princípio, sempre foram suscitadas dúvidas sobre a possibilidade de execução.
Execução e queima de arquivo. Por que? Primeiro, a urgência na conclusão do inquérito, inusitado para este tipo de crime. Segundo, a perícia sequer verificou a origem da arma e das munições utilizadas no assassinato. Depois, todos os pertences de Bruno Ernesto foram recuperados pela polícia, à exceção do seu notebook. Onde, coincidentemente, estavam todas as informações do Jampa Digital.
E o Jampa Digital, como se sabe, foi um dos maiores escândalos ocorridos na Paraíba. Pela ousadia como o ilícito foi cometido. Pela afronta ao cidadão, que tentou acessar a Internet pelo Jampa e nunca conseguiu. E pelo uso intenso de um programa que não funcionou, durante a campanha eleitoral de 2010, pelo então candidato Ricardo Coutinho, como se fosse uma façanha tecnológica que iria levar para todo Estado.
Investigações – Após o encerramento do caso pela Polícia Civil, os pais de Bruno conseguiram, a partir de várias provas e indícios, como o fato da arma e as balas usadas no crime pertencerem ao governo do Estado, a abertura de uma investigação a partir do Ministério Público Federal.
O processo, então, subiu para a Procuradoria-Geral da República e Superior Tribunal Federal, vez que um dos investigados era o então governador Ricardo Coutinho, e tinha como relator o ministro Félix Fischer. Ocorre que, após Ricardo Coutinho deixar o governo, o Inquérito 1.200 “desceu” para o Estado.
Em menos de 15 dias, o promotor Marcos Leite emitiu parecer pelo arquivamento, e foi questionado pela família (para que se averbasse suspeito), por suas públicas ligações com pessoas próximas do ex-governador. Os autos foram, então, encaminhados para a juíza Francilucy Rejane Sousa Mota (2º Tribunal do Júri), também questionada pelos pais de Bruno, por suas ligações familiares com aliados de Ricardo Coutinho.
O processo se encontra com a magistrada, sem qualquer solução, desde junho de 2019.
Dúvidas – O ex-governador constituiu, como advogados, o ex-ministro José Eduardo Cardozo, além de Márcio Lopes de Freitas Filho e Renato Ferreira Moura Franco para o caso. Uma banca considerada uma das mais caras do País.
“São sete anos de suplício para a nossa família. São claríssimos os indícios de que houve execução, mas, até hoje, a Justiça não chegou aos mandantes. Quem são os mandantes? Quando serão presos?” Temos certeza que o crime foi queima de arquivo por conta do escândalo do Jampa Digital”, lamentam Inês e Ricardo, pais de Bruno.
Arma e munições – As armas só foram identificadas graças a uma investigação paralela realizada pelos pais de Bruno, como sendo dois revólveres marca Taurus (da Companhia Brasileira de Cartuchos), com numeração ND95941 e1180890, e tinham sido adquiridas pela Secretaria de Segurança Pública do Estado.
Também se descobriu que as munições usadas no crime foram de calibre 38 tipo SPL + P de marca CBC Hollow Point (dumdum) com o seguinte numeração de lote “AHQouO92”. Também foi elucidado que as armas e as munições foram adquiridas pelo governo do Estado, através da Secretaria de Administração Penitenciária.
O crime – Quando foi assassinado (em 7 de fevereiro de 2012), Bruno Ernesto era diretor de Infraestrutura e Suporte da Prefeitura de João Pessoa, por isso sua inevitável associação com o escândalo do Jampa Digital, já que ele era um dos coordenadores do programa que, dois anos depois, foi escândalo nacional, com uma extensa reportagem do Fantástico (Rede Globo). Mais em https://goo.gl/q8u8Jd.
Naquela noite de fevereiro, por volta das 19h, Bruno foi sequestrado pela quadrilha próximo à sua residência, no bairro dos Bancários, colocado na mala do próprio carro (um Corsa Sedan) e levado a uma área deserta da Zona Sul.
Após se apropriarem de seus bens, inclusive um notebook, ele foi assassinado com um tiro na nuca, mesmo pedindo para não ser morto. Revelação de um dos criminosos. Também restou comprovado que eles sabiam de toda a rotina de Bruno, antes de executar o plano. Tinham, como se suspeitou, informações privilegiadas sobre seu trajeto.
Eles foram presos, quando dirigiam o carro por um bairro de João Pessoa. Segundo o inquérito, concluído poucos meses depois, o caso foi de latrocínio. Os sete foram julgados e condenados, com pena máxima. E o caso foi dado como encerrado.
Execução – O tiro na nuca, para a Polícia, é sinal de execução. Às vezes, por encomenda. Em entrevista à Imprensa, alguns bandidos chegaram a admitir terem sido contratados para realizar “o serviço”. Mais sobre a reportagem com entrevistas com os bandidos em http://goo.gl/Terk9f