CABEÇA ABRE O JOGO Bastou governo RC decretar emergência no Trauma e aprovar lei favorável à contratação da Cruz Vermelha
Denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro desvenda algo que ainda não tinha uma explicação. Como o ex Ricardo Coutinho conseguiu viabilizar a contratação da organização social Cruz Vermelha gaúcha. Quem dá a pista é o chefe do esquema criminoso Daniel Gomes da Silva, quando em tratativas para levar a Cruz Vermelha também para o Rio Grande do Norte.
Ele revelou, em conversa com representantes do governo: “A solução para o Hospital de Traumas de João Pessoa, (se deu) através da decretação do estado de emergência e da aprovação de uma lei estadual que possibilitou a contratação de organizações sociais por parte do Estado da Paraíba.” Ou seja, primeiro se instituiu o caos, para depois apresentar a solução.
E, consultando as reportagens do primeiro semestre de 2011, é possível identificar como estava a situação do Hospital de Trauma. Em meio ao caos, o ex Ricardo Coutinho, então, decretou estado de emergência e encaminhou lei à Assembleia que foi votada em regime de urgência e permitiu a contratação da Cruz Vermelha gaúcha, à revelia de alertas feitos pelo procurador Eduardo Varandas (Trabalho).
Doação – Não se deve esquecer, igualmente, que, de forma (não tão) misteriosa, em 29 de novembro de 2010, após as eleições ao governo, quando Ricardo Coutinho já estava eleito governador, um certo Jaime Gomes, que vem a ser tio de Daniel Gomes da Silva, fez uma generosa doação de campanha, no valor de R$ 300 mil.
Diz a denúncia do MP do Rio: “Dado que Jaime Gomes da Silva é português, nunca possuiu domicílio eleitoral na Paraíba, parece improvável que tal contribuição de campanha houvesse decorrido de um impulso espontâneo de participar do debate político paraibano, mas sim do interesse em construir um cenário mais favorável aos interesses comerciais de seu sobrinho.”
E arremata: “Ainda que através de interposta pessoa, ao menos nesta ocasião Daniel Gomes da Silva utilizou-se de mecanismos oficiais, através de doação declarada formalmente à Justiça Eleitoral, ao invés do que se viria a verificar em momentos posteriores: a entrega por vias ocultas e sub-reptícias de dinheiro em espécie a agentes públicos do Estado da Paraíba.”