CALVÁRIO A DOMICÍLIO Ricardo Coutinho, irmãos e filho viram réus por uso de propina para compra de mansão de R$ 1,7 milhão
Ricardo Coutinho tornou-se réu, pela 9ª vez, em ação penal remanescentes da Operação Calvário. O juiz Marcial Henrique Ferraz da Cruz (2ª Vara Criminal) acatou, nessa terça (dia 9), a denúncia do Gaeco. Ricardo Coutinho é acusado de pedir e receber dinheiro de propina da Santana Agroindustrial.
Além de Ricardo Coutinho, também tornaram-se réus seus irmãos Coriolano e Raquel Coutinho, afora o seu filho Rico Coutinho (Ricardo Cerqueira Leite Vieira Coutinho). Os demais réus são o empresário Ivanilson Araújo, Anelvina Sales Neta e Denise Krummenauer Pahim.
A 23ª denúncia apresentada pelo Gaeco aponta o recebimento de propinas de 10% sobre operações da empresa, que foi fornecedora de ração e sementes. O dinheiro teria sido usado na compra de uma casa em condomínio de luxo no Altiplano.
Denúncia – Conforme a denúncia, o valor do imóvel localizado no condomínio Bosque das Orquídeas (Portal do Sol) foi avaliado inicialmente em R$ 1,7 milhão. O empresário Ivanilson Araújo teria sido o responsável de “acertar” contratos com o governo do Estado e repassar parte do dinheiro de volta para parentes do ex-governador.
De acordo com as investigações, a triangulação da operação teria ocorrido através da simulação de compra de um terreno na região de Macaíba, no Rio Grande do Norte, na tentativa de apagar pistas do esquema.
Aponta a denúncia do Gaeco que Rico teria simulado a “compra e venda de imóvel com o pai, Ricardo Vieira Coutinho, visando a ocultação da origem ilícita do patrimônio deste, sendo o dinheiro auferido com a suposta transação empregado na aquisição do imóvel residencial de Ricardo Vieira Coutinho, objeto desta denúncia, dando aspecto de licitude à transação”.
Na denúncia, Rico é acusado de lavagem de dinheiro, enquanto os outros denunciados respondem por crimes de lavagem e corrupção passiva. A força-tarefa calcula que o grupo deve reparar os cofres públicos em R$ 7,3 milhões, por dano ao erário.
De acordo com as investigações, Ivanilson, proprietário da Santana Agroindustrial, recebeu do governo estadual R$ 2,9 milhões em 22 de fevereiro de 2018 e, dez dias depois, teria repassado R$ 300 mil para Raquel Coutinho.
Na sequência, a irmão do então governador, em 9 de março, teria feito um depósito de R$ 289 mil em aplicação usada por Ricardo Coutinho para, em 14 de março de 2018, compor os R$ 409,9 mil dados como parte da aquisição do imóvel.
Ainda na denúncia, o Gaeco descreve também uma doação de R$ 10,2 mil, feita pelo grupo empresarial, para a Fazenda Angicos, em “silagem de sorgo”, através de Coriolano, que se apresenta como proprietário do imóvel, apesar das suspeitas do Gaeco de que pertence, na verdade, a Ricardo Coutinho.
Faturamento – Ainda de acordo com as investigações, com dados obtidos no Sistema Sagres (Tribunal de Contas do Estado), a empresa Santana Agroindustrial faturou R$ 70 milhões entre 2011 e 2018.