CALVÁRIO DO TRAUMA Mesmo com decisão contra do TRT governo RC seguiu renovando contrato com a Cruz Vermelha
A nebulosa relação entre o governo do Estado e a Cruz Vermelha gaúcha, que terceirizou o Hospital de Trauma, tem pautado a mídia, nos últimos tempos, especialmente após a Operação Calvário, que desbaratou uma quadrilha infiltrada na organização social. A organização criminosa teria mobilizado mais de R$ 1,7 bilhão, provocando um rombo estratosféricos aos cofres públicos.
Um bando inteiro foi preso na operação, inclusive seu chefe, Daniel Gomes, no Rio de Janeiro de teve desdobramentos na Paraíba, com duas prisões e vários mandados de busca e apreensão. Foram detidos o empresário Roberto Kremser Calmon, apontado como intermediador de propinas, e também Leandro Nunes Almeida, assessor da secretária Livânia Farias (Administração).
É uma história conhecida, inclusive que os mandados de busca e apreensão foram nas residências dos secretários Waldson e Livânia. Mas, o que talvez poucos recordem é que foi o procurador Eduardo Varandas (do Trabalho) quem advertiu, pela primeira vez, para as ilegalidades na terceirização do Trauma com a Cruz Vermelha (em julho de 2011). E acionou a Justiça, ainda em dezembro daquele ano.
Detalhe: o processo obteve sucesso junto a Tribunal Regional do Trabalho. Em sua decisão inicial, o TRT vedava a renovação do contrato com a organização social, além de estabelecer uma multa de R$ 21 milhões, distribuídas entre o Estado e Cruz Vermelha (R$ 10 milhões cada), Waldson e Livânia (R$ 500 mil cada um deles).
Após a condenação, os secretários (atenção para a coincidência!) Waldson e Livânia, o governo do Estado, além da própria Cruz Vermelha, recorreram da decisão junto ao Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília.
Sem quaisquer cautelas, e desconhecendo de forma desdenhosa as ponderações do MPT, o governo, tendo à frente na ofensiva, não só Ricardo Coutinho, mas, especialmente, os secretários Waldson e Livânia, seguiu renovando o contrato, ano a ano, de tal forma que o atual contrato, devidamente aditivado, vai até julho de 2019.
Até onde o Blog pode apurar, o processo se encontra no TST, e o governo do Estado teria orientado seus advogados a pedirem vista, depois que eclodiu a Operação Calvário.