CALVÁRIO NO BANCO DE RÉUS Prossegue julgamento de Daniel, Kremser e Michele que em 2014 trouxe dinheiro de propina em jatinho para campanha de RC
Caminha para seu desfecho o julgamento dos envolvidos no esquema criminoso da Cruz Vermelha gaúcha desbaratado pela Operação Calvário, em dezembro de 2018. O julgamento, que iniciou em 26 de julho, com as audiências de instrução na 42ª Vara Criminal, presididas pela juíza titular Alessandra de Araújo Bilac Moreira Pinto, tem nova audiência em 18 de outubro, após oitiva de testemunhas.
Foram muitas testemunhas ouvidas. Há vários os réus envolvidos no esquema criminoso. Alguns deles interessam particularmente à Paraíba pelas ligações com a célula da organização criminosa no Estado.
Daniel – Um dos principais envolvidos é Daniel Gomes da Silva, considerado o líder do esquema e que chegou a doar para a campanha de Ricardo Coutinho na eleição de 2010, através de seu tio Jaime Gomes.
O detalhe é que, em julho de 2011, no ano seguinte à eleição, ele conseguiu fechar, com o então governador Ricardo Coutinho, o contrato de terceirização do Hospital de Trauma via Cruz Vermelha gaúcha. Daniel foi preso em dezembro de 2018, no Rio de Janeiro, ao retornar de Portugal, onde o Ministério Público identificou vários bens adquiridos com o dinheiro da propina.
Michele – Michele Louzada Cardoso era secretária particular de Daniel. Na eleição de 2014, ela confessou ter vindo à Paraíba em avião fretado trazendo dinheiro para a campanha à reeleição de Ricardo Coutinho, ante a iminente vitória de Cássio Cunha Lima, que havia vencido o primeiro turno. Michele também foi flagrada entregando caixas de vinho com mais de R$ 900 mil ao ex-assessor Leandro Nunes Azevedo, num hotel do Rio de Janeiro, quando também foi presa em flagrante (imagem acima).
Kremser – Roberto Kremser Calmon foi aquele empresário preso num hotel de luxo em João Pessoa, em 14 de dezembro do ano passado, na primeira fase da Calvário. Kremser era integrante do esquema e, conforme as investigações da força tarefa, operava para prospectar o roteiro dos pagamentos às organizações sociais e definir os valores que deveriam ser repassados aos agentes públicos beneficiários das propinas.
Revelações – Os três, conforme especulações de bastidores, teriam decidido revelar todos os detalhes do esquema, citando nomes, valores e organograma da célula da organização criminosa instalada na Paraíba. Desta unidade no Estado, já foram presos Leandro Nunes, Livânia Farias e Maria Laura Caldas de Almeida Carneiro. Mas, haveria outros integrantes, que ao longo do julgamento deverão ter os nomes revelados.