CALVÁRIO NO RASTRO Gaeco investiga se dinheiro subtraído do duodécimo foi usado para pagar Cruz Vermelha gaúcha
Uma linha de investigação do Gaeco (Ministério Público da Paraíba) está palmilhando um terreno potencialmente explosivo. Há quem suspeite que parte do duodécimo (destinado aos demais poderes) retido pelo governo Ricardo Coutinho pode ter sido usado para o pagamento a organizações sociais, como a Cruz Vermelha gaúcha e Ipcep (Instituto de Psicologia Clínica, Educacional e Profissional).
E, como se sabe, Ipcep e Cruz Vermelha estão na raiz do escândalo que inspirou a Operação Calvário. A força tarefa conseguiu desbaratar uma quadrilha infiltradas nas duas organizações sociais, que movimentaram, no governo passado, mais de R$ 1,1 bilhão. A principal denúncia é que dinheiro público desviado do pagamento dos contratos foi usado para pagar propina a agentes públicos.
Um dos primeiros presos na Operação Calvário foi o ex-assessor Leandro Nunes Azevedo, que, em agosto do ano passado, foi flagrado recebendo mais de R$ 900 mil numa caixa de vinhos, em um hotel do Rio de Janeiro. O dinheiro foi entregue por Michele Cardozo, secretária de Daniel Gomes da Silva, que é considerado o cabeça da organização criminosa. Ambos estão presos e, segundo se comenta, já acertaram fazer delação.
Leandro revelou que o dinheiro foi utilizado para pagamento de fornecedores da campanha de João Azevedo, Veneziano Vital do Rego e Luís Couto, os integrantes da chapa majoritária do PSB. Os próprios empresários beneficiados com os pagamentos já prestaram depoimento junto ao Ministério Público e confirmam a operação, durante a campanha do ano passado.
Detalhe: se ficar constatado que parte do duodécimo, que deveria ser destinado aos demais poderes, foi usada para pagamento das organizações sociais envolvidas no escândalo, o caldo pode engrossar muito mais para alguns agentes públicos.
Os repasses do duodécimo foram sistematicamente reduzidos, nos oito anos de gestão Ricardo Coutinho, atingindo Ministério Público, Tribunal de Contas do Estado, Poder Judiciário e Assembléia Legislativa, além da Universidade Estadual da Paraíba.