CALVARIOVÍRUS DA PARAÍBA O que é pior: ser preso ou usar tornozeleira?
Durante o carnaval, uma indagação me ocorreu. O que é pior: a prisão ou a tornozeleira? Se o caso é o ex Ricardo Coutinho, ele, como sabemos, já experimentou dos dois. E deve ser devastador, meu caro Paiakan, para quem tentou marcar sua passagem na história política da Paraíba com o timbre da… honestidade. Veja só que ironia. Um calvariovirus que assolou o Estado nos últimos nove anos.
Tenho pra mim que nada pode ser pior que a junção de prisão com a tornozeleira. Ainda mais pelos crimes dos quais é acusado. Apontado como chefão da organização criminosa desbaratada pela Operação Calvário, sobre ele pesam acusações de desvio de dinheiro da Saúde e da Educação no maior esquema de propina já visto por estas latitudes. Afora outros crimes ainda mais hediondos.
A tornozeleira chega num momento, inclusive, em que ninguém mais segura a mão de ninguém, senão apenas pelos tornozelos. Que triste fim para quem ameaçava surra de chibatas e de varas em adversários, que bravateava serem, olha só, ladrões! Esse o mesmo sujeito que, de forma fascista, perseguiu humildes servidores como os pais e mães de família do antigo Ipep.
Esse mesmo sujeito despudorado que intimidava e perseguia jornalistas que ousavam revelar a roubalheira generalizada num governo degradado, com advogados pagos pelas mesmas organizações sociais flagradas no esquema de corrupção. Um esquema de máfia que assombrou, não apenas a Paraíba, mas o País.
Imagino como, mesmo para um rematado cara de pau, deve ser difícil andar por ai, com os dentes de fora, depois de ter sido preso (ainda que por pouco tempo), e, agora, portando uma tornozeleira eletrônica e sendo rastreado pelo GPS da roubalheira que comandou na Paraíba.
Um calvariovírus que, não podemos esquecer, causou sofrimento e morte para as pessoas por falta de dinheiro nos hospitais, nos adolescentes que foram jogados para as ruas após o fechamento de centenas de escolas, ou naquelas pessoas vítimas da violência porque o dinheiro da segurança foi para irrigar o bolso de facínoras.