CASO BRUNO ERNESTO – Após Ricardo Coutinho perder foro privilegiado STJ remete inquérito para Justiça da Paraíba
O caso Bruno Ernesto ganhou mais um capítulo nas últimas horas. Como o ex-governador Ricardo Coutinho é um dos investigados e perdeu o foro privilegiado, o Inquérito 1200, que tramitava no Superior Tribunal de Justiça, foi remetido para a Justiça da Paraíba. O ministro-relator Félix Fischer já despachou o envio dos autos desde o dia 1º de março.
Os autos que estavam na Procuradoria Geral da República, para emitir seu parecer, retornaram na semana passada para o ministro Fischer. Com o envio dos autos, o Inquérito 1200 seguirá sua tramitação no âmbito da Justiça estadual. “E nós vamos acompanhar tudo bem de perto, porque é inaceitável que, sete anos depois, o crime não tenha sido elucidado”, diz Inês Moraes, mãe de Bruno Ernesto.
Armas e balas – Os pais de Bruno Ernesto sempre defenderam a federalização das investigações, alegando que o Estado não estaria isento para investigar, uma vez que sequer apurou de quem eram a armas e as munições usadas no crime. Foi preciso a família constituir uma investigação paralela para descobrir que, tanto a arma, quanto as balas tinham sido adquiridas pelo governo do Estado.
Cardozo – O ex Ricardo Coutinho constituiu, como advogados, o ex-ministro José Eduardo Cardozo, além de Márcio Lopes de Freitas Filho e Renato Ferreira Moura Franco para o caso, os mesmos que ele contratou para a sua defesa na Ação Penal 866, na qual é réu, por doze crimes de responsabilidade, conforme o ministro Luís Felipe Salomão.
Mistério – O mistério neste inquérito é que o governador Ricardo Coutinho, por uma razão ainda não explicada, peticionou nos autos (processo nº 2017/0211846-5), através do advogado Sheyner Asfóra, em 12 de setembro de 2017.
O crime – Quando foi assassinado (em 7 de fevereiro de 2012), Bruno Ernesto era diretor de Infraestrutura e Suporte da Prefeitura de João Pessoa, por isso sua inevitável associação com o escândalo do Jampa Digital, já que ele era um dos coordenadores do programa que, dois anos depois, foi escândalo nacional, com uma extensa reportagem do Fantástico (Rede Globo). Mais em https://goo.gl/q8u8Jd.
Naquela noite de fevereiro, por volta das 19h, Bruno foi sequestrado pela quadrilha próximo à sua residência, no bairro dos Bancários, colocado na mala do próprio carro (um Corsa Sedan) e levado a uma área deserta da Zona Sul. Após se apropriarem de seus bens, inclusive um notebook, ele foi assassinado com um tiro na nuca, mesmo pedindo para não ser morto. Revelação de um dos criminosos.
Também restou comprovado que eles sabiam de toda a rotina de Bruno, antes de executar o plano. Tinham, como se suspeitou, informações privilegiadas sobre seu trajeto.
Eles foram presos, quando dirigiam o carro por um bairro de João Pessoa. Segundo o inquérito, concluído poucos meses depois, o caso foi de latrocínio. Os sete foram julgados e condenados, com pena máxima. E o caso foi dado como encerrado.
Execução – O tiro na nuca, para a Polícia, é sinal de execução. Às vezes, por encomenda. Em entrevista à Imprensa, alguns bandidos chegaram a admitir terem sido contratados para realizar “o serviço”.
Mais sobre a reportagem com entrevistas com os bandidos em http://goo.gl/Terk9f