Caso Jampa: Duda diz que recebeu R$ 500 mil de RC mas pagamento não aparece no TSE
O marqueteiro Duda Mendonça terminou encrencando ainda mais o governador Ricardo Coutinho, no âmbito do escândalo Jampa Digital. Durante depoimento à Polícia Federal, em Salvador, no inquérito da Operação Logoff, ele assegurou ter feito apenas consultoria para a campanha de RC e que, pelo serviço, recebeu meros R$ 500 mil.
Só que esses R$ 500 mil não aparecem na prestação de contas do candidato RC. O que consta é uma sequência de depósitos que totalizam R$ 1,5 milhão em conta da MKPol Marketing Político, que a Polícia Federal sustenta ser um braço da organização de Duda Mendonça. Em seu depoimento, Duda nega relações com a empresa MKPol…
… Que foi a empresa oficialmente contratada para fazer a campanha. O problema foi que o motorista Roberto Gomes Silva revelou, em depoimento à PF, ter trabalhado na campanha de Ricardo, que recebeu seus pagamentos (no valor de R$ 3,3 mil) de uma empresa fantasma, a Brickell e que foi pago por um funcionário da Mkpol (o motoboy Samuel Vieira Martins).
Também é importante destacar que em fevereiro de 2011, o TRE-MG descobriu irregularidades nas contas de campanha dos candidatos Hélio Costa (PMDB) e Patrus Ananias (PT). A campanha, segundo o TRE, foi feita pela “MKPOL Marketing Politico LTDA – empresa constituída por Duda Mendonça para trabalhar na campanha, recebeu duas faturas utilizando o CNPJ 13.927.819/0001-40”. Mais em http://bit.ly/13Ivw3Q.
A MKPol utiliza três números de CNPJ: 12.049.939/0001-20, 13.927.819/0001-40 (usado em Minas Gerais) e 12.255.106/0001-15 (usado na Paraíba). Uma rápida pesquisa revela os depósitos feitos pelo então candidato na conta da MKPol. Mas, não há qualquer depósito nem em nome de Duda Mendonça, nem em seu nome pessoal, José Eduardo Cavalcanti de Mendonça. Um mistério.
Diante desse arsenal de denúncias e informações desencontradas, cabe uma indagação: por que os R$ 500 mil que Duda diz ter recebido da campanha não aparecem na prestação de contas do candidato Ricardo Coutinho? Por que Duda segue negando relações com a MKPol Marketing Político? E por que o governador transferiu para Nonato Bandeira a responsabilidade pela contratação de Duda?
E, afinal, de onde vieram os R$ 500 mil que Duda Mendonça diz ter recebido pelos serviços prestados à campanha de Ricardo Coutinho, e que não foram declarados? Dá pra perceber, por fim, como o marqueteiro mais caro do Brasil, de repente, se tornou tão magnânimo com o então Ricardo Coutinho, cobrando “apenas” R$ 500 mil pelos serviços da campanha. Certamente deve ter sido pelo belos olhos do socialista…
Estadão – Eis o que diz a reportagem do jornal O Estadão: ”
“Duda Mendonça surpreendeu a Polícia Federal ao negar, em depoimento no inquérito da Operação Logoff, vínculo com a Mkpol Marketing Político – empresa que a PF sustenta oficialmente ter sido operada por um executivo do publicitário para fazer a campanha eleitoral do governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), em 2010. Duda foi ouvido “em declarações” na segunda-feira passada, na superintendência regional da PF em Salvador. Nesse ato ele não foi indiciado.
Ele também negou conhecer personagem importante do caso, Samuel Vieira Martins da Silva, que a PF afirma ser “motoboy funcionário” do publicitário e responsável pela entrega de dinheiro, R$ 104,7 mil ao todo, em nome de uma empresa fantasma – Brickell Internet e Processamento de Dados -, a profissionais recrutados na campanha de Coutinho.
A investigação suspeita que o dinheiro para cobrir as despesas eleitorais tenha sido desviado de um contrato superfaturado entre a Prefeitura de João Pessoa e a empresa Ideia Digital para o programa Jampa Digital – instalação de internet gratuita para a população carente.
O desvio teria somado R$ 1,66 milhão, segundo laudo pericial da PF. Parte desse valor, R$ 800 mil, passou pela Brickell.
Duda afirmou que fez apenas “consultoria” – criação, slogan, música e cartazes – para o pessebista por meio da empresa JECM (iniciais de seu nome). Ele afirmou ter cobrado R$ 500 mil, valor faturado em nota pelo comitê de campanha do governador da Paraíba.
A PF argumenta que o executivo José Eugênio de Jesus Neto, ligado a Duda, figura como procurador da empresa de fachada Brickell. Em seu relato, o publicitário declarou que Neto é prestador de serviço contratado “atuando somente na empresa Duda Mendonça e Associados Propaganda na área financeira e administrativa”.
Ele assegurou que “não é sócio” da Mkpol e “não associa este nome a nenhum publicitário que conheça”. Afirmou que “desconhece” que a Mkpol pagava seus funcionários.
Indagado sobre seus antecedentes, Duda fez alusão ao processo do mensalão, no qual foi réu e acabou inocentado. Ele disse que “já foi indiciado e processado, mas não preso, tendo sido absolvido pelo Supremo Tribunal Federal”.
Apesar da reiterada negativa de Duda, a PF e o Ministério Púbico Federal estão convencidos de seu envolvimento em “sonegação e lavagem de ativos”. A PF descobriu que a Mkpol faz uso de um endereço eletrônico que leva o nome do publicitário, “muito sugestivo da pessoa que realmente a controla“.
Mais em http://bit.ly/143Z5kM