Cássio cobra senatória e vice em 2014, mas RC faz ouvidos de mercador
O senador Cássio Cunha Lima tem se especializado, nos últimos tempos, em mandar mensagens aparentemente cifradas para o governador Ricardo Coutinho. Apesar de defender, em todas as suas entrevistas, a aliança do PSDB com o PSB, Cássio não tem se furtado de pontuar algumas posições, que têm incomodado ao governador.
Há alguns meses, depois que RC anunciou com pirotecnia a adesão de vários prefeitos, como a sinalizar para seu projeto de reeleição, Cássio pôs água na fervura, ao dizer que adesão não ganha eleição e até citou o caso de seu pai. Ronaldo disputou a eleição de 1990, quando tinha apenas meia dúzia de prefeitos e, mesmo assim, venceu o então poderoso Wilson Braga.
Quando o ex-senador Wilson Santiago iniciou as preliminares para aderir ao esquema do governador, Cássio mandou outro torpedo: ele enfatizava nada ter contra Santiago, mas ele teria de se contentar em ingressar como soldado, porque o grupo já dispunha de generais como o vice Rômulo Gouveia, o deputado Ruy Carneiro e até o senador Cícero Lucena.
Nos últimos dias, porém, Cássio aprofundou o discurso e tem admitido em todas as suas entrevistas que a aliança do PSDB com o PSB está vinculada à indicação dos candidatos a vice-governador e ao Senado. Uma dessas vagas, segundo Cássio, está reservada para Rômulo Gouveia, que já externou o desejo de ir pra senatoria. Restaria, portanto, a vice.
Mas, percebe-se que o governador tem feito ouvidos de mercador às declarações do senador tucano, e não tem confirmado, pelo menos publicamente, que está reservada a Cássio a prerrogativa de indicar os dois candidatos em sua chapa de reeleição. Aparentemente, o governador passou a se sentir com uma carta na manga, ante a previsível inelegibilidade de Cássio em 2014.
Resta saber, portanto, se o senador irá se enquadrar e seguir como coadjuvante de Ricardo, ou se dará seu grito de independência. Ou se apenas está fazendo marolas para deixar RC em alerta, inclusive quanto a pleitos não atendidos.