Cássio deixa 2014 em aberto, joga Ronaldo em cena e volta a assombrar governador
O senador Cássio Cunha Lima segue assombrando o governador Ricardo Coutinho, com declarações que sempre deixam em aberto o que decidirá em 2014. Na manhã desta sexta (dia 10), durante café da manhã promovido pelo PSDB, o tucano repetiu (pela enésima vez), que deseja manter a aliança com RC, mas isto vai depender de seu partido.
Há poucos dias, seu irmão, o vice-prefeito Ronaldo Filho, havia declarado de forma peremptória que o senador é a maior liderança política do Estado e, por isso, tem o direito de indicar a vice de Ricardo em 2014, ou não haverá aliança. Cássio bate de forma mais sutil, porém o recado é mais ferino: só haverá aliança caso o governador se enquadre.
E o governador não tem dado mostras de que irá se enquadrar. Aparentemente, RC se ancora em parecer jurídico, apontando para a inelegibilidade de Cássio em 2014. E vai resistindo. Ocorre que o grupo Cunha Lima já percebeu a estratégia de RC e cuidou de jogar o vice Ronaldo em cena. Se Cássio não pode, então vai Ronaldo. Com o apoio de Cássio.
Essa, sim, uma assombração efetiva ao projeto de reeleição do governador. Uma pesquisa encomendada recentemente por setores governistas mostra grande capacidade de transferência eleitoral de Cássio. O que passa a ser um risco, no caso de lançar o irmão na disputa. Ronaldo pode não ter a pegada de Cássio, mas com apoio do irmão causa estragos.
RC vai resistir na indicação do vice até a undécima hora. Primeiro, não confia em Cássio, está claro. Por mais de uma vez procurou a direção do PMDB para formalizar uma aliança e obter a alforria de sua relação com Cássio. Segundo, porque entregar a vice (como também a senatoria) significa fechar a chapa como muita antecedência e, mais uma vez, ficar nas mãos de Cássio.
Cássio, por seu turno, não está confortável na aliança com o governador, eis a verdade. Forçar a indicação do vice é uma forma de tensionar a relação, seja para levar RC tomar uma atitude, seja para obter mais ganhos na parceria. E não está confortável porque são muitas as queixas de aliados que foram alijados do poder por Ricardo e estão muito magoados.
Então, esse jogo vai prosseguir com o tucano, de um lado, mostrando as armas que tem para assombrar o governador e, de outro, RC resistindo para não entregar o jogo de uma vez. Se, de repente, perceber que pode vencer, mesmo sem Cássio, vai levar o tucano às cordas. Mas, se suspeitar que seu projeto de reeleição corre risco, não pestanejará em entregar os anéis, para não perder os dedos.