Cássio vai a festa de Ricardo e sela apoio para sua reeleição em 2014
Nesse final de semana, ouvi algumas lideranças políticas se indagando, com alguma amargura: por que o senador Cássio Cunha Lima vai ficar com o governador Ricardo Coutinho? De fato, tem sido atribuída a Cássio parte da responsabilidade pelos desacertos do Governo, uma vez que foi o tucano quem pediu votos e elegeu Ricardo em 2010.
Cássio sabe disso e sabe, especialmente, em seu principal reduto, Campina Grande, onde é muito cobrado por suas decisões. É tanto que, nas últimas eleições, inibiu a ida do governador a Campina pedir votos para Romero Rodrigues. Além de carimbar sua imagem à de Ricardo, sabia o quanto o efeito eleitoral poderia ter sido catastrófico para seus planos.
Mas, Cássio é pragmático e assimilou bem as declarações do ministro Arnaldo Versiani, afirmando que ele não pode ser candidato a governador em 2014. É até possível que, em seu íntimo, soubesse da impossibilidade de disputar o Governo, por conta da Lei da Ficha Limpa. Mas, talvez interessasse manter a militância com a esperança viva.
Por que então romper com Ricardo? Ora, Cássio tem espaços generosos no Governo RC. São vários secretários e, comentam-se, milhares de servidores nomeados. Parte do seu exército. Além do mais, o Estado segue dividido entre dois lados. O outro lado é o prefeito Veneziano, como quem o tucano, obviamente, não tem interesse em se aliar.
Não faz sentido, sob a sua perspectiva, romper com Ricardo Coutinho e, então, perder os postos no Governo e talvez outras parcerias importantes, inclusive comerciais. Se não será candidato em 2014, é mais conveniente indicar um vice-governador que, inclusive, pavimente sua candidatura em 2018 de volta ao Governo do Estado.
Então, nessas circunstâncias, Cássio prefere fazer ouvidos de mercador às censuras que o governador lhe fez (e ainda faz), no inicio do Governo, quando tentou uma reaproximação com o PMDDB de Zé Maranhão. Também superou a descortesia na antessala do ministro Fernando Bezerra (Integração). Mostra indiferença às queixas de aliados quanto ao tratamento de Ricardo. Tudo por que é mais cômodo ficar onde está.
Quanto ao desgaste de Ricardo, ele talvez aposte que ao longo de 2013 o governador consiga reabilitar parte do prejuízo. Em sua lógica, se RC recuperar um tanto da popularidade perdida, ele também sairá bem na fita. É notório que Ricardo jamais terá de volta o cacife que teve antes, o que o torna refém de Cássio para a disputa da reeleição.
Foi sob essa perspectiva que o senador Cássio passou na festa de Ricardo, no último domingo. Foi uma passagem relâmpago, porque não ir era uma descortesia e quase uma afronta, mas demorou pouco, como a mandar um recado para seus aliados: estou com ele (de quem vocês têm ojeriza, hoje), mas é apenas por questões estratégicas.
Caso tivesse a certeza de que poderia, legalmente, ser candidato em 2014, a batida do bombo seria outra. O governador Ricardo Coutinho, aparentemente, já tem consciência disso. Então joga com as pedras que tem. Seu objetivo é se reeleger e, então, definir como será sua relação com Cássio. Até lá, irá oferecer o que o tucano mais gosta. Ou precisa.