Este é um comportamento contumaz de sua excelência o governador Ricardo Coutinho. Basta dizer que ele não tem como aliado rigorosamente ninguém que tenha ajudado em sua escalada ao poder. Ninguém que, no futuro, pudesse fazer sombra ao seu projeto pessoal de poder. Ou que tivesse qualquer laivo de independência com respeito a sua orientação ou, talvez seja melhor dizer, suas ordens.
Sempre tão discreto quanto ao seu papel como vice da presidente Dilma, Michel Temer decidiu mostrar as armas. Durante o programa partidário do PMDB que estará sendo veiculado a partir desta quinta (dia 24), com o título de “É hora de reunificar os sonhos”, Temer sobe o tom e, aparentemente, manda um aviso ao PT e a Dilma.
Declarações do presidente do PSB, Ronaldo Barbosa, ao CBN Cotidiano sinalizam para a inviabilidade de manutenção da aliança com o prefeito Luciano Cartaxo. Segundo Ronaldo, “está definitivamente descartada essa aliança com o prefeito Luciano Cartaxo, nas eleições de 2016, depois que o prefeito decidiu se filiar ao PSD”.
É possível que na Paraíba de hoje apenas o governador Ricardo Coutinho ainda acredite que a violência está diminuindo. Nesta quinta (dia 24), quando empresários de postos de combustível realizam protesto, com tarjas pretas de luto em seus estabelecimentos por conta da insegurança no Estado, fica cada vez mais patente a convicção de que o Governo está perdendo a batalha para a bandidagem.
O prefeito Luciano Cartaxo, que andou colecionando dissabores após sua saída do PT, também comemora alguns apoios importantes. Se, por exemplo, perdeu o vereador Fuba, que preferiu se manter no partido, acabou por receber a confirmação de que o vereador Bira está deixando a legenda para seguir com o prefeito em seu projeto de reeleição.
A disputa pela OAB da Paraíba caminha em alta tensão. Quando o processo se iniciou, era dado como certo que o prestígio do atual presidente Odon Bezerra poderia assegurar a eleição de seu sucessor, o advogado Carlos Frederico Nóbrega Farias, extremamente bem relacionado na praça. Mas, nos últimos tempos, algumas reviravoltas aconteceram.
Na semana passada, o desembargador José Aurélio da Cruz, relator das AIJEs (Ação de Investigação Judicial Eleitoral) que trata de nomeações e exonerações irregulares no período eleitoral, havia dado prazo de 15 dias a quatro secretários do Estado, para prestarem informações sobre o número. José Aurélio advertiu inclusive que poderia expedir mandado de prisão, em caso de descumprimento.
Foi a segunda baixa em dois dias. O vereador Fuba, um dos mais fieis aliados do prefeito Luciano Cartaxo, deixou sua bancada na Câmara Municipal, apesar de antecipar que não irá fazer oposição raivosa a sua administração: “Seria incoerente de minha parte passar a criticar as ações que até semana passada eu elogiava. Não deixarei, de forma alguma, de reconhecer o muito que já foi feito.” No final da manhã, o PCdoB também decidiu entregar os cargos na gestão de Cartaxo.
Em qualquer País sério a recente denúncia do senador Cássio Cunha Lima, indicando ter recebido uma proposta milionária do governador Ricardo Coutinho para desistir de disputar o Governo do Estado em 2014, ensejaria uma reação imediata da Justiça. Claro. Deveria ocorrer no mínimo uma acareação entre Cássio e Ricardo para esclarecer esta história.
A crise que atinge o Governo Dilma deixou o PSB com crise de identidade. Durante reunião em Brasília, a maioria do partido decidiu deixar a atual linha de independência e seguir direto para a oposição. Mas, enquanto as bancadas federais defendem apoio ao impeachment de Dilma, os governadores, a exemplo de Ricardo Coutinho, são contra apoio à cassação da presidente.
