Conselheira defende Pâmela e avisa: “Não vou esperar essa mulher ser linchada para algo ser feito”
Os últimos episódios envolvendo a ex-primeira-dama, Pâmela Bório e o governador Ricardo Coutinho levaram a conselheira Laura Berquó (Direitos Humanos) a questionar a agilidade da Polícia Civil “para conduzi-la coercitivamente, tão ágil em intimá-la (Pâmela), quando sabemos que os inquéritos policiais não agem nessa rapidez?” Avisa Laura: “Não vou esperar essa mulher ser linchada para algo ser feito.”
E acrescenta: “É um absurdo a utilização do aparato do Estado para coagir uma mulher que não passa de um arquivo vivo ambulante… foi usada como laranja nas gastanças da Granja(Santana)… Por que ninguém investiga?”. Adiante, defende a federalização do “crime de Bruno Ernesto… e ela gozar de proteção na condição de testemunha”.
Confira declaração da conselheira na íntegra:
“Tenho assistido ultimamente a via crucis vivida por essa moça e a campanha de desmoralização pela qual a mesma passa. Eu tenho algumas perguntas a partir dos próprios escritos dela: se os próprios puxadores de saco do Governo (Ricardo Coutinho) afirmam que a mesma precisa apelar para o adversário para ter dinheiro para custear o seu próprio advogado, logo ela está certa quando diz que foi usada como laranja nas gastanças da granja, tendo seu nome maculado e vendido a imprensa nacional como um mulher fútil e pródiga.
Outra coisa, por que a Polícia Civil foi tão ágil para conduzi-la coercitivamente, tão ágil em intimá-la, quando sabemos que os inquéritos policiais não agem nessa rapidez? Inclusive o próprio Secretário que nos lê afirma estar difícil conseguir elucidar autorias e no próprio caso de Sebastian Ribeiro Coutinho, os irmãos do Deputado Doda de Tião demoraram mais de um ano para serem intimados, apesar dos depoimentos dos genitores da vítima?
É um absurdo a utilização do aparato do Estado para coagir uma mulher que não passa de um arquivo vivo ambulante. Outra coisa, nós mulheres estamos fartas de sermos taxadas de loucas e desmentidas quando temos coragem para denunciar as coisas, independente de nossas motivações. Somos taxadas de Nicéias Pittas e outros apelidos que soam como desqualificadores. A motivação não importa. O que importa é que a mesma insiste em denunciar um esquema de corrupção e assassinato e ninguém apura isso.
Por que ninguém investiga? Realmente, o crime de Bruno Ernesto é para ser federalizado e ela gozar de proteção na condição de testemunha. Como mulher eu acho uma aberração se for verdadeiro que a mesma afirma ser vítima de uma conspiração para tomar-lhe o filho. Sou “machista” mesmo nesse aspecto e o filho é da mãe! Porque quem fica com cicatriz no corpo é a mulher. Outra coisa, porque os promotores que nos lêem e os policiais civis que nos lêem não protestam e dizem com todas as letras: “Sr. Governador, o Sr. também é sujeito à punição pela Lei Maria da Penha! Mulheres que se casam com políticos não estão excluídas dessa proteção!”
Como mulher e conselheira de Direitos Humanos repudio qualquer tentativa de diminuição de uma mulher, de violência de qualquer natureza cometida contra ela e outras mulheres. Por isso agora entendo porque a Paraíba está entre os 7 primeiros estados em feminicídio. Agora entendo porque nada foi feito até hoje sobre as denúncias de torturas contra mulheres no Bom Pastor. Sim, nossos corpos são frágeis, somos treinadas para chorar e nos tornarmos cada vez mais donas de posturas que não firam a vaidade e projetos pessoais de nossos homens, como se fossemos uma extensão deles. O que não somos.
Temos a nossa voz como único instrumento e essa mulher só tem se valido da própria voz para se manter viva quem sabe. Eu, Laura, repudio o que tem sido vivenciado por Pâmela e pergunto o que tem feito o Ministério Público local e se o sr. Governador está acima da lei Maria da Penha! Não vou esperar essa mulher ser linchada para algo ser feito. Eu me coloco à disposição para ajudá-la e a qualquer outra que precise.
Onde estão as feministas que foram cooptadas pelo atual Governo? Por que se calam ou não chegam ao pé do ouvido do chefe e diga: Pare! Isso é violência contra uma mulher!? Eu me revolto com covardia! A verdade é que essa história toda revitimiza mais uma vez a mulher que está sendo execrada moralmente, psicologicamente, sofrendo violência física e o Ministério Público não faz nada? Eu me coloco à disposição como profissional e conselheira.”