Couto perdeu autoridade pra disputar prévias
Não diria cinismo, pode ser uma palavra injusta, mas será algo bem próximo disso se, de repente, o deputado Luiz Couto se apresentar para disputar as prévias do PT contra Luciano Cartaxo. Não depois do que protagonizou, nos últimos tempos, desdenhando o tempo todo da tese de candidatura própria e, especialmente, ridicularizando as pretensões do seu colega de partido.
Afinal, onde está a coerência com a qual Couto sempre procurou se pautar? Quer dizer que o evangelho pode mudar assim de uma hora pra outra ao sabor do vento? Ou da tempestade, como foi o resultado da disputa interna do PT para sua facção política favorável à aliança com o PSB. Que credo político é este em que o derrotado não aceita o resultado das urnas e parte pra vingança?
Couto teria todas as condições de pleitear a candidatura própria se tivesse defendido essa tese antes. Seria talvez o mais legítimo dos representantes do PT para esposar a bandeira da candidatura própria, ele que, um dia, foi abandonado por grande da legenda (incluindo ai o ex-petista Ricardo Coutinho) numa disputa inglória contra Cícero Lucena, quando foi massacrado nas urnas.
Mas, perdeu claramente essa condição quando se indispôs contra os defensores da candidatura própria, foi perverso em suas arremetidas contra Luciano Cartaxo nos últimos tempos e fez campanha abertamente pelo apoio ao PSB. Que garantias teria o PT de que, uma vez ungido novamente candidato, Luiz Couto não abriria sua postulação para, finalmente, atender ao apelo de RC?
Que o PT deva ir às prévias será praticamente inevitável. Porém, quem tem mais legitimidade não é mais Luiz Couto. Outros nomes como Júlio Rafael ou o próprio Lucius Fabiani e seu exército de bombados são quadros mais adequados ao novo cenário que se compôs no PT depois das prévias de domingo. Com CQC ou sem CQC, Couto deveria mesmo era se recolher ao confessionário.